Os trabalhadores que ganham menos recuperam o rendimento que tinham há dez anos. De 2005 para 2006, os trabalhadores do Brasil tiveram um aumento de 7,2% em seus rendimentos, passando a ganhar, em média, R$ 883,00 por mês. Apesar de o crescimento não ter sido suficiente para atingir o maior valor de rendimento da série (R$ 975,00 em 1996), esse patamar mais alto foi alcançado e superado entre os 50% de pessoas ocupadas que ganhavam menos.
Esses são alguns dos resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgados nessa sexta-feira, 14-09-2007 e que se encontram no sítio da Instituição.
A Pnad busca traçar anualmente um retrato do país. Em 2006, foram entrevistadas 410.241 pessoas, em 145.547 domicílios em todo o Brasil. A partir de outubro, cerca de 2.000 entrevistadores do IBGE vão a campo para realização da Pnad, que, em 2007, completa 40 anos. Pela primeira vez, a coleta da pesquisa será eletrônica.
Reproduzimos na seqüência uma breve síntese de indicadores na área do trabalho.
Em 2006, rendimento médio dos domicílios brasileiros era de R$ 1.687,00
O rendimento médio mensal dos domicílios com rendimento passou de R$ 1.494,00 em 2004, para R$ 1.568,00 em 2005, e R$ 1.687,00 em 2006, apresentando ganhos reais de 5,0%, em 2005, e de 7,6% em 2006. Os maiores crescimentos do rendimento domiciliar foram observados no Nordeste (11,7%) e no Norte (8,8%). No Sul e Sudeste, o rendimento médio dos domicílios cresceu 7%, enquanto o menor crescimento foi registrado no Centro-Oeste (6%).
O crescimento no Nordeste resultou em pequena redução das diferenças entre essa região e o Sudeste. O rendimento domiciliar médio do Nordeste representava, em 2005, 52,8% do rendimento do Sudeste, passando, em 2006, para 57,8%. Apesar disso, o valor real médio do rendimento domiciliar do Nordeste (R$ 1.089,00) continuava sendo o menor, enquanto no Sudeste (R$ 1.885,00) era o maior. No país, a metade inferior da distribuição (os menores rendimentos) respondia, em 2004, por apenas 15,9% do total de rendimentos; em 2005, por 16,1%; e em 2006, por 16,4%.
Aumenta o número de trabalhadores com mais de 40 anos de idade
De 2005 para 2006, o número de pessoas ocupadas cresceu 2,4% em todo o país, ou seja, entraram no mercado de trabalho mais 2,1 milhões de pessoas. Entretanto, esse crescimento foi abaixo do registrado em 2005 (2,9% em relação a 2004). A região Sudeste foi a única a apresentar variação positiva no nível da ocupação 3 (0,8 ponto percentual), sendo que, no país, o aumento entre as mulheres (de 45,3%, em 2005, para 46,8% em 2006) foi superior ao dos homens (de 68,3% para 68,2%) .
Em 2006, a participação dos trabalhadores com mais de 40 anos de idade na população ocupada aumentou 1,1 ponto percentual em relação ao ano anterior (passou de 39,0%, em 2005, para 40,1% em 2006). No Sudeste, esse aumento foi de 1,4 ponto percentual frente a 2005. Nas demais regiões, ficou em torno de 0,9 ponto percentual.
Dos quase 90 milhões de ocupados em 2006, 33,4 milhões tinham completado pelo menos o equivalente ao ensino médio (11 anos ou mais de estudo). Em um ano, a participação desse grupo na população ocupada passou de 34,5% para 37,6%. Na região Sudeste, o grupo mais escolarizado representava 45,5% da população ocupada. Nas regiões Sul e Centro-Oeste, esse percentual ficou em torno de 38,0% e, na região Norte, foi de 30,8%. Cabe salientar que nesta última região citada foi registrado o maior aumento em relação a 2005: 3,3 pontos percentuais.
Em todas as regiões, o grupo das mulheres com 11 anos ou mais de estudo representava o maior contingente na população ocupada feminina. Entretanto, para os homens, esse resultado só foi encontrado nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste. A série histórica harmonizada 4 da Pnad mostra que o nível de ocupação passou de 55,0%, em 1996, para 57,0% em 2006, aproximando-se do patamar dos primeiros anos da década de 1990 (57,5% em 1992).
Atividade agrícola perde mais de meio milhão de trabalhadores em um ano
De 2005 para 2006, a participação da atividade agrícola na população ocupada caiu de 20,5% (17,8 milhões de trabalhadores) para 19,3% (17,2 milhões). Em 2004, a participação da atividade agrícola era de 21,0%, ou seja, 17,7 milhões de brasileiros estavam trabalhando no campo.
A participação da atividade agrícola na população ocupada caiu significativamente em todas as regiões. A região Nordeste, onde se concentrava o maior contingente desses trabalhadores, cerca de 7,9 milhões de pessoas, apresentou a maior queda (de 36,5% em 2005, para 33,8% em 2006), com redução de 447 mil trabalhadores. Na região Norte, a participação da atividade agrícola passou de 23,4% para 22,6% da população ocupada.
No Sul, onde a atividade agrícola tem peso expressivo, o percentual de trabalhadores também caiu, de 22,1% em 2005 para 21,2%. Por fim, a região Centro-Oeste, com cerca de 1 milhão de trabalhadores na atividade agrícola, teve queda de 17,6% para 16,4%.
No grupamento da indústria, trabalhavam, em setembro de 2006, 13,2 milhões de pessoas. Observou-se aumento de 1,7% nessa estimativa, em relação ao ano anterior. A indústria registrou aumento de contingente apenas nas regiões Sudeste (3,4%) e Centro-Oeste (8,1%).
Em 2006, para cada cinco vagas de trabalho, três eram com carteira assinada
O número de trabalhadores com carteira de trabalho assinada atingiu 30,1 milhões em 2006, um crescimento de 4,7% em relação ao ano anterior e um acréscimo de 1,3 milhão de pessoas no setor formal. Esses empregados, que somavam 33,1% da população ocupada em 2005, passaram a representar 33,8% em 2006. Para cada cinco empregos criados em 2006, três eram com carteira assinada.
Em relação ao contingente de trabalhadores sem carteira de trabalho assinada (20,8 milhões em 2006), o crescimento foi de 1,8% frente a 2005, e a participação desse grupo na população ocupada ficou estável (23,2%). De 2005 para 2006, a participação dos trabalhadores por conta própria também se manteve estável, com 21,2%, que representavam 19 milhões de trabalhadores. Já a participação dos trabalhadores não-remunerados caiu para 8,7%, e havia 5,4 milhões de pessoas nessa condição.
Em 2006, verificou-se que 40,1 milhões de trabalhadores não tinham carteira de trabalho assinada, trabalhavam por conta própria e ou eram não-remunerados (23,2%, 21,2% e 6%, respectivamente, da população ocupada). Esse grupo representava mais da metade da população ocupada (50,4%), entretanto, foi reduzido em praticamente todas as regiões em relação a 2005.
Em 2006, cai o número de desocupados
Do contingente de 96,7 milhões de pessoas na força trabalho, 8,2 milhões estavam desocupadas 5 em setembro de 2006. Em relação a 2005, houve queda de 8,3% nessa estimativa, ou seja, redução de 742 mil no número de pessoas desocupadas.
A redução no número de desocupados e o aumento da população ocupada fizeram com que a taxa de desocupação 6 apresentasse retração em quase um ponto percentual, passando 9,3% em 2005 para 8,4% em 2006. À exceção da região Sul, a taxa de desocupação apresentou retração em todas as regiões. Nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, a queda foi superior a 1 ponto percentual. A região Sudeste apresentou a taxa de desocupação mais alta (9,6%); e a região Sul, a mais baixa (8,4%).
As mulheres são maioria na população desocupada (cerca de 57,0%), e em muitos estados esse número ultrapassa 60,0%. Por faixa etária, o contingente de desocupados estava distribuído, em 2006, da seguinte forma: de 18 a 24 anos (36,7%), de 25 a 49 anos (43,3%), de 50 anos ou mais (6,5%).
Mulheres só aumentam participação no mercado de trabalho no Sul e Sudeste
De 2005 para 2006, a força de trabalho brasileira cresceu 1,6%, que representa 97,6 milhões de pessoas economicamente ativas. A participação das mulheres no mercado de trabalho tem sido cada vez mais expressiva. Em 2006, elas somavam 42,6 milhões, e sua participação cresceu de 43,1%, em 2004; para 43,5% em 2005; e 43,7% em 2006. Houve avanços da participação das mulheres nas regiões Sudeste (de 44,2% para 44,8%) e Sul (de 44,6% para 45,0%). Já nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, não houve alteração significativa dessa participação.
Entre os homens que estavam na força de trabalho, 90,0% tinham concluído pelo menos um ano de estudo, enquanto que, para as mulheres, o percentual estimado era superior (93,0%). Amplia-se essa diferença entre homens e mulheres quando se comparam os níveis mais altos de escolaridade. Quase 43,5% delas concluíram o ensino médio (11 anos ou mais de estudo), enquanto, apenas um terço dos homens possuía esse grau de instrução.
Aumentam os números de contribuintes para a Previdência e de sindicalizados
Em 2006, 41,3 milhões de trabalhadores contribuíam para a Previdência em todo o país, ou seja, mais da metade da população ocupada não estava sob as garantias previdenciárias (51,2%). Entretanto, em todas as regiões houve aumento do número de contribuintes, sendo que, no país como um todo, o percentual dos que contribuíam, entre os ocupados, cresceu 3,7% entre 2005 e 2006, passando de 47,4% para 48,8%.
Em 1996, pouco mais de dois quintos (42,6%) dos trabalhadores contribuíam para a Previdência; em 2006, esse percentual representava quase a metade dos ocupados (49,2%).
Ainda que estejamos longe do quadro ideal, cabe ressaltar que, em 2006, a Pnad registrou a maior participação de contribuintes para o instituto de Previdência na população ocupada desde o início da década de 90.
Em 2006, havia 16,5 milhões de associados a sindicatos. Em relação a 2005, esse resultado aumentou 5,4%. Os sindicalizados representavam, em 2006, 18,6% da população ocupada, participação que se manteve praticamente estável em relação a 2005. Em 1996, a participação das pessoas sindicalizadas na população era de 16,6%.
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