Um agressivo surto do vírus Ebola foi identificado como a causa da morte de 169 pessoas, de um total de 372 infectadas (45%) desde o mês de junho, segundo as análises encomendadas pelas autoridades sanitárias da República Democrática do Congo, que já decidiram pôr em quarentena as duas áreas afetadas, Mweka e Luebo, situadas na região de Kasanga, no sul do país, com mais de 200 mil habitantes. A notícia é do El País, 13-09-2007.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a situação se complicou porque junto com a febre hemorrágica, altamente contagiosa, letal e por enquanto incurável, se apresentaram casos de disenteria, que tem os mesmos sintomas nas fases iniciais da doença, o que dificulta o trabalho de diagnóstico. A OMS, que pediu o apoio internacional para controlar o surto, enviou pessoal extra e equipamento de saúde para a região, assim como a ONG Médicos Sem Fronteiras.
De acordo com a OMS, o Ebola mata entre 40% e 90% da população afetada. Não é a primeira vez que o Congo enfrenta o vírus: em 1995, cerca de 250 pessoas morreram. Desde que se descobriu o vírus, a febre hemorrágica já matou 1.200 pessoas (de 1.850 casos registrados). Apesar de se desconhecer sua origem, limita-se às áreas da selva tropical da África Central e do Pacífico Oriental e se acredita que os morcegos, resistentes ao vírus, sejam os que o mantêm nas florestas tropicais.
O contato com os cadáveres pode ter um papel importante na transmissão da doença, e, de acordo com as autoridades de saúde do Congo, foi esse o caso no atual surto: o vírus foi transmitido para um chefe local, agricultor e caçador, através do contato com algum animal infectado. O processo de lavar um cadáver e prepará-lo para o enterro é um longo ritual no Congo, e a grande maioria dos que participaram do enterro do chefe, em 8 de junho, ficou infectada e acabou morrendo.
Por enquanto as autoridades estão isolando os possíveis doentes, ou aqueles que entraram em contato com doentes, em grandes edifícios anteriormente desinfetados, e médicos especialmente treinados controlam sua evolução durante 21 dias (período em que um indivíduo infectado deveria mostrar sintomas da doença).
A Cruz Vermelha se mobilizou para agilizar o enterro dos cadáveres, o que evitará maior risco de contágio. Os técnicos da OMS em Kinshasa confiam que todas essas medidas, junto com a chegada de um epidemiologista e de um virologista à região, que vão ajudar no processo de análises, contribuirão para que a situação seja controlada em pouco tempo.
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