A 8ª Convenção da ONU contra a desertificação, realizada em Madri de 3 a 15 de setembro, termina sem avanços. O Japão foi responsável pelo fracasso das negociações em torno da aprovação do orçamento. A reportagem é de Álvaro de Cózar e publicada no El País, 16-09-2007. A tradução é do Cepat.
Fracasso absoluto. A 8ª Convenção da ONU contra a desertificação terminou no sábado passado sem que os países reunidos durante 13 dias chegassem a um acordo em relação a quanto dinheiro colocar na mesa para fazer frente à deterioração dos ecossistemas. O culpado é o Japão, que, na última hora, bloqueou as negociações e vetou o incremento do orçamento esperado. A desertificação afeta a subsistência de 1,2 bilhão de pessoas em todo o mundo.
A 8ª Convenção da ONU contra a desertificação começou em 3 de setembro com discursos esperançosos e o desejo de que servisse como ponto de inflexão para solucionar um fenômeno que destrói os solos de uma terça parte do planeta. Nada disso ocorreu. Depois de 13 dias de conversas, dois mil assistentes, 191 países, conferências, traslado de especialistas, diplomatas, folhetos informativos, declarações, entrevistas coletivas, almoços, e, apesar disso (tudo isso com um gasto de “4 milhões de euros”, segundo a ministra do Meio Ambiente, Cristina Narbona), o máximo a que os 191 países membros chegaram foi acordar um plano estratégico para os próximos dez anos.
O sim para o plano era o mínimo a que a Convenção aspirava. O texto foi redigido de antemão e no começo do encontro todos os países o davam como satisfatório. O problema é que o plano carece de orçamento e, portanto, segundo os ecologistas que acompanharam a convenção durante as duas semanas, não é uma boa arma para solucionar o problema. As organizações conservacionistas WWF/Adena, Greenpeace e Ecologistas em Ação qualificaram os resultados de “fracasso”.
O principal responsável por esse final foi o Japão. Os delegados japoneses se opuseram até altas horas da madrugada ao aumento de 5% que a Espanha pleiteava e que, a duras penas, os Estados Unidos haviam aceitado, outro país que oferecia mais resistências. O aumento de 5% era baixo, não só porque os países pobres pediam entre 15% e 20%, mas porque a cifra sobre a qual se calcula esse aumento é de 17 milhões de euros, uma quantidade insignificante para os orçamentos administrados pela ONU normalmente.
A ministra do Meio Ambiente, Cristina Narbona, lamentou o veto do Japão e explicou que ainda há uma possibilidade de desbloquear a situação durante o período de seções da Assembléia das Nações Unidas que acontecerá em Nova York. “Lamento que o Japão tenha bloqueado o orçamento, mas espero que se resolva logo a situação. Ficamos com um sabor agridoce”, comentou a este jornal. Para a ministra, a parte doce da convenção, foi o visto bom ao plano estratégico. É um sinal verde para os próximos dez anos que facilitará o incremento de contribuições voluntárias dos países desenvolvidos para atuar contra os processos de erosão e fertilidade de solos”, concluiu.
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