O Brasil está importando pneus usados da Europa a US$ 1 e o governo desconfia de que se trata de uma maneira de os exportadores despejarem lixo no País. Os dados fazem parte do processo que está chamando a atenção da comunidade internacional na Organização Mundial do Comércio (OMC). “Nossas suspeitas são de que seria mais fácil para eles (europeus) exportarem ao Brasil, mesmo que seja de graça, que tratar do problema localmente”, disse um funcionário de alto escalão do Itamaraty. A reportagem é de Jamil Chade e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 16-10-2007.
Na Europa, um pneu novo custa em média US$ 60. Mas o fabricante precisa de pelo menos US$ 40 para pagar por sua destruição por exigências ambientais da União Européia (UE).
Ontem, delegados europeus afirmaram aos juízes da OMC em audiência que o Brasil estava adotando medidas protecionistas ao banir pneus recauchutados que não tinham qualquer relação com a proteção ao ambiente. O Brasil adotou medidas para impedir a entrada de pneus recauchutados da Europa, mas continuou permitindo a importação do Mercosul.
Bruxelas queixou-se na OMC e os árbitros concluíram que o Brasil teria duas opções: ou implementava completamente o embargo aos pneus (e fechava seu mercado) ou não poderia manter as discriminações que praticava. A opção do País foi começar a adotar medidas para embargar completamente a entrada do produto.
A decisão levou os europeus a pedir um novo julgamento. Dessa vez, alegam que as medidas brasileiras não se justificam como forma de evitar doenças ou degradação ambiental, como alega o Itamaraty. O governo brasileiro insiste que, ao evitar a entrada dos produtos, estaria lutando contra a dengue e o lixo ambiental.
“As medidas brasileiras são protecionistas e apenas usam os argumentos ambientais para justificar uma decisão industrial”, acusou um negociador europeu, alegando que os pneus recauchutados não são lixo. O representante afirma que a UE espera uma decisão da OMC para o início de 2008.
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