Pesquisadores americanos criaram em laboratório um “super-camundongo” que corre, come,vive mais e se mantém em melhor forma do que os roedores comuns, o que abriria expectativas para pesquisas sobre a melhora da condição humana.
Um dos membros da equipe, o guatemalteco Marco Cabrera, afirmou que no laboratório da Escola de Medicina da Universidade Case Western, em Cleveland (EUA), foram criados mais de 500 “ligeirinhos”. Eles “permanecem todo o tempo em que estão acordados em atividade”. Os resultados do estudo, coordenado por Parvin Hakimi, Jianqi Yang, Fátima Tolentino Silva e Richard Hanson, foram publicados nesta semana na revista Journal of Biology Chemistry. A notícia é do jornal O Estado de S. Paulo, 3-11-2007.
“Basicamente, o que ocorre é o seguinte: a enzima fosfoenolpiruvato carboxiquinase naturalmente produz glicose no fígado e no rim. Nesses ratos, a enzima expressou-se geneticamente nos músculos”, explicou Cabrera, engenheiro biomédico.
O resultado do experimento gerou ratos sete vezes mais ativos, que podem correr de cinco a seis quilômetros a uma velocidade de 20 metros por minuto sobre uma esteira por até seis horas sem parar.
ATLETAS
Os animais, denominados “PEPCK-Cmus” pelos cientistas do laboratório de Engenharia Biomédica, comem 60% a mais que os ratos comuns mas não aumentam de peso - têm 10% menos de gordura e uma capacidade aeróbica duas vezes maior que a dos ratos normais. Além disso, têm vidas mais longas. Algumas fêmeas também procriaram até os 2,5 anos de idade - a maioria dos demais ratos não se reproduz depois do primeiro ano de vida.
“Metabolicamente, esses ratos são similares a Lance Armstrong (um conhecido ciclista americano) pedalando pelos Pirineus. Eles usam principalmente ácidos graxos para obter energia e produzem muito pouco ácido láctico”, explicou Richard Hanson, autor principal do artigo.
“Eles funcionam de maneira similar aos atletas humanos de maratona”, disse Cabrera, especialista em fisiologia do exercício. Agora o principal desafio é poder aproveitar esses avanços no ser humano. “Encaramos atualmente uma verdadeira epidemia de obesidade entre as crianças e adolescentes, e sabemos que ela está ligada ao desenvolvimento do câncer”, explica.
Um dos próximos projetos do grupo é a comparação das probabilidades de câncer entre ratos atletas e ratos comuns com um regime de exercícios. Como parte do estudo, os pesquisadores determinaram o consumo de oxigênio, a produção de dióxido de carbono e as concentrações de lactato no sangue dos ratos “PEPCK-Cmus” e dos ratos em grupos de controle durante o exercício em uma esteira com inclinação de 25 graus.
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