"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

terça-feira, março 29, 2011

O endividamento recorde no exterior


Da Folha
Setor privado aproveita custo barato de empréstimos para captar recursos.
Aperto de crédito no mercado doméstico e anúncio de novas medidas cambiais aceleram movimento
ÉRICA FRAGA
DE SÃO PAULO

Empresas brasileiras e filiais de multinacionais que operam no país contraíram dívidas no exterior em volume recorde no primeiro bimestre do ano.
Com juros baixos nos países ricos e os investidores estrangeiros acreditando que o risco de levar um calote no Brasil é baixo, não tem faltado opção de financiamento para o país no exterior.
Empresas e bancos têm aproveitado a oportunidade para tomar recursos no exterior a um custo mais barato do que o encontrado no mercado doméstico.
"É natural que o setor privado nacional queira aumentar seu nível de endividamento no exterior porque o momento é muito favorável", diz o economista Darwin Dib, do Itaú Unibanco.
Para cada US$ 100 de dívidas que venceram e foram quitadas no primeiro bimestre do ano, o setor privado tomou US$ 860 emprestados no exterior, segundo o Banco Central.
No jargão financeiro, isso significa que a taxa de rolagem da dívida externa privada atingiu 860% em janeiro e fevereiro, nível mais elevado alcançado desde que o BC começou a produzir a estatística, em 2001.
Segundo analistas, ações tomadas pelo Banco Central para frear a expansão do crédito no Brasil contribuíram para acelerar esse processo.
Medidas anunciadas no fim de 2010 tornaram as fontes de financiamento domésticas dos bancos mais escassas e caras.
Como a demanda de consumidores por crédito continuou forte, os bancos estão aproveitando linhas de empréstimo baratas no exterior.
"Os bancos estão buscando recursos lá fora para emprestar aqui", diz Bruno Lavieri, analista da Tendências.
O crescente endividamento de empresas e bancos no exterior inunda o mercado doméstico com doláres, o que cria pressões de valorização sobre o real.
Isso preocupa o governo, que estuda medidas para aumentar os impostos sobre empréstimos externos.
Rumores sobre essas medidas circulam desde fevereiro e fizeram a demanda por financiamento no exterior ganhar ímpeto. Bancos e empresas começaram a se antecipar às medidas do BC.
O resultado tem sido o ritmo recorde de envidamento do setor privado lá fora.
Parte dos recursos foram obtidos com q emissão de títulos no mercado externo. Outra parcela vem de empréstimos dos bancos.
Até filiais de multinacionais que atuam no Brasil aproveitaram essa onda. Entre janeiro e fevereiro deste ano, matrizes no exterior já emprestaram US$ 4,7 bilhões para suas filiais brasileiras.
O número é mais do que dobro do verificado no mesmo período de 2010 e o mais alto já registrado para um primeiro bimestre do ano.

A última vez em que ouvi falar desse tipo de corrida foi durante o "Milagre Brasileiro", e acabou com o Estado assumindo a divida privada e gerando sua falência que derivou na "Década Perdida" (por sinal até hoje alguns culpam os militares por isso, sem fazer uma análise mais profunda nesse tipo de acontecimento). 
O risco de isso acontecer novamente não é pequeno. O Japão que terá que promover sua reconstrução pode necessitar vender os titulos da dívida americana, e os EUA (que quem realmente vê, ainda corre sérios problemas devido a crise) podem mergulhar novamente numa espiral de problemas econômicos.

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