"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

terça-feira, março 29, 2011

Rebeldes recuam e Kadafi exige fim de "agressão selvagem"

iG São Paulo | 29/03/2011 05:55 - Atualizada às 09:16

O líder da Líbia, Muamar Kadafi, exigiu nesta terça-feira que a coalizão internacional ponha fim à "agressão selvagem" contra o país, no momento em que forças leais ao regime intensificam ataques contra rebeldes.
Nos últimos dias, a oposição retomou o controle de cidades que haviam capturado no início da rebelião contra o regime, mas que haviam caído nas mãos de forças do governo. Entre as cidades retomadas estão áreas estratégicas no litoral do país e que contam com instalações petrolíferas, como Ras Lanuf, Brega, Uqayla e Bin Jawad.
Mas repetidos ataques realizados por tropas leais ao regime impediram-nos de alcançar Sirte, a cidade natal do coronel Kadafi e um alvo de forte simbolismo para os rebeldes. As forças pró-Kadafi usaram metralhadoras e foguetes contra os rebeldes, produzindo um recuo caótico para Bin Jawad.

Foto: AP
Rebeldes líbios rezam em Bin Jawad
Um dos combatentes, Faisal Ali, afirmou à agência Associated Press que os rebeldes ainda não conseguiram se organizar em Bin Jawad. "Se as forças de Kadafi usarem tanques e armamentos pesados, podem conseguir o controle da cidade", afirmou.
O recuo dos rebeldes acontece apesar da ação militar internacional contra a Líbia, criticada por Kadafi nesta terça-feira. Em carta divulgada pela agência oficial Jana e destinada aos líderes mundiais que estão reunidos em Londres para discutir a situação no país, Kadafi disse que a coalizão está "exterminando" o povo líbio.
O líder líbio comparou a ação militar com "a invasão da Europa por Hitler e o bombardeio do Reino Unido" e disse que "não há nenhum motivo interno para a crise na Líbia". "O poder está nas mãos do povo, o petróleo é propriedade do povo e as armas também, afirmou.
Reunião em Londres
A reunião que acontece nesta terça-feira em Londres contará com a presença de delegações de cerca 35 países e de representantes órgãos internacionais irá discutir os próximos passos da ação militar na Líbia. O primeiro-ministro da Grã-Bretanha, David Cameron, disse esperar que o encontro venha a garantir ''o máximo de unidade política e diplomática''.
A reunião terá integrantes da coalizão que participa da operação militar contra posições de Kadafi, bem como de representantes da ONU, da Otan, da União Africana e da Liga Árabe. Os países ocidentais esperam que a presença de países árabes como Qatar, Iraque, Jordânia, Marrocos, Líbano, Tunísia e Emirados Árabes vá reforçar a aliança e indicar que países árabes endossam a operação.
Mas a Rússia, que diz que a operação militar vai além dos termos da resolução da ONU que a autorizou, afirmou que não irá participar do encontro. A conferência irá também discutir o fornecimento de ajuda humanitária.
Em encontro paralelo à conferência, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, teve uma reunião com um dos líderes da oposição líbia, Mahmoud Jibril, responsável pelas "relações internacionais" do Conselho Nacional de Transição Interino (CNTR).
Hillary e Jibril já se encontraram em Paris em 15 de março, quando discutiram uma possível ajuda econômica e política à oposição líbia. Mais cedo, Jibril também se reuniu com o ministro das Relações Exteriores britânico, William Hague.
Em comunicado, Hague definiu o CNTR como "interlocutor político importante e legítimo" e disse que durante a reunião ele e Jibril analisaram a "situação política e humanitária na Líbis". "Concordamos na importância absoluta de proteger e salvaguardar os civis", destacou.
'Antes que seja tarde'
Em um comunicado conjunto, a Grã-Bretanha e a França conclamaram correligionários do líder líbio, o coronel Muamar Kadafi, a abandoná-lo ''antes que seja tarde demais''. No documento, Cameron e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, afirmam que a conferência ''irá aproximar a comunidade internacional de modo a dar apoio à transição da Líbia de uma ditadura violenta para criar as condições para que o povo da Líbia possa escolher seu próprio futuro''.
Grã-Bretanha e França foram os defensores mais veementes da implementação de uma ação militar contra as forças leais a Kadafi, que vinham avançando sobre áreas controladas por rebeldes que lutam contra o regime líbio. No documento, os líderes dos dois países disseram que o governo líbio perdeu toda a sua legitimidade e deve ''partir imediatamente''.

Obama
Na segunda-feira à noite, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, fez um pronunciamento no qual defendeu o envolvimento americano na operação militar internacional. Ele afirmou que a intervenção americana salvou ''incontáveis vidas'' ameaçadas pelas forças do ''tirano'' Muamar Kadafi.
Mas, ciente de uma parcela expressiva da opinião pública americana vê com receios o envolvimento americano em mais um conflito militar, frisou que os Estados Unidos estavam passando o controle da incursão militar para a aliança militar Otan.
A ação militar americana na Líbia foi autorizada há dez dias - quando Obama estava em Brasília, em visita oficial ao Brasil - e segue uma resolução aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU.
A resolução, aprovada sem o voto do Brasil, que se absteve, prevê o estabelecimento de uma zona de exclusão aérea na Líbia e "todas as medidas necessárias" para proteger "civis e áreas habitadas por civis" de ataques por parte das forças de Kadafi.
Com AP, EFE, Reuters e BBC

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