"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

sábado, abril 23, 2011

Pensões

Carta veio na edição da semana com um encarte da The Economist sobre a problemática das pensões e aposentadorias.
Elucidador como pesquisadores apóiam com suas teorias mais uma tentativa de se retirar dos trabalhadores uma série de direitos conquistados ao longo do tempo. Tudo muito bem escrito e com um rigor lógico de encantar os mais inocentes.
Em nenhum momento da série de artigos se fala em dividir o bolo, sim dividir o bolo (como uma vez disse Delfim), principalmente porque nos países ricos o bolo já cresceu à muito tempo. Os custos devem recair sobre os trabalhadores, nunca sobre os imensos lucros das empresas, ou os bônus bilionários de seus gestores e acionistas em todos os escalões.
Uma das coisas que eu considerei pior na série de artigos é o caso de que provavelmente os trabalhadores terão que arcar com investimentos em fundos privados. Se pensarmos que fundos privados investem no mercado financeiro para obterem os lucros (uma vez que não são fundos  filantrópicos) para pagar tais pensões no futuro. Bem, acabamos de ver os efeitos devastadores que os mercados financeiros tem sobre a produção, o emprego e o bem estar do povo. Então, como confiar sua aposentadoria a tal situação?
Todo esse engodo é apenas mais uma forma de maximizar lucros, retirar responsabilidades do empregador, e deixar o empregado como responsável de algo que ele não deveria estar se preocupando na atualidade.
Mais de 54% da riqueza produzida no mundo é acumulada nas mãos de pouco mais de 10% da população mundial, porque esse bolo não é dividido para que se paguem aposentadorias decentes a quem trabalhou a vida inteira para sustentar os luxos e benesses desses 10%, que não precisam desse volume monetário para viver bem, pois, com uma redução de 10 para 10, provavelmente esse objetivo pudesse ser alcançado, uma vez que com salários maiores, os descontos também maiores iriam dar a sustentabilidade ao sistema.
Mas, como dizia Milton Santos, a ciência se rendeu mais cedo do que ele esperava aos interesses do grande capital.

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