luisnassif, qua, 04/09/2013 - 08:00
Autor:
Luis Nassif
Coluna Econômica
O 5o Congresso da Inovação da Indústria, que transcorreu
ontem em São Paulo, revelou alguns aspectos relevantes da luta pela
inovação.
Primeiro, o diálogo entre empresas e autoridades, permitindo
identificar pontos de estrangulamento no processo de inovação. Depois, a
constatação de que o país avançou bastante no tema, a ponto de juntar
quase mil pessoas discutindo o assunto e buscando formas de levar o
conceito para pequenas e médias empresas. A Mobilização Empresarial pela
Inovação (MEI) é um movimento com esse perfil.
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Mas serviu, também, para mostrar a diferença de tratamento que os grandes grupos nacionais dão ao tema.
Numa ponta, o ex-presidente da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) Horácio Lafer, das Indústrias Klabin.
Nos seus primórdios, o setor de papel e celulose foi dos mais
inovadores do país. Experiências inéditas permitiram aproveitar o sol
tropical e desenvolver modalidades de árvores com produtividade até três
vezes maior do que os concorrentes europeus e canadenses.
Na sua apresentação, Horácio atribuiu as dificuldades em inovar ao
sistema educacional brasileiro, ao fato de se formar engenheiros sem
nenhuma experiência prática, à dificuldade de incutir conceitos de
inovação na mão de obra.
O educador Cláudio de Moura e Castro mostrou que é um problema
histórico e de difícil solução, um padrão cultural brasileiro que
privilegia o formalismo, o beletrismo, em detrimento dos resultados. Se
uma faculdade abrir mão de uma referência em engenharia – ou em qualquer
outra profissão – por um jovem profissional com PhD, o ensino pode
perder muito. Mas ela passa a receber melhor pontuação nas avaliações
oficiais.
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Com essas dificuldades, qual o caminho mais rápido para se avançar na
inovação? Os grandes grupos nacionais, como a própria Klabin. Mas
olhando para dentro, não buscando o álibi fora.
Na mesma rodada, o representante da Brasken – petroquímica da
Odebrecht – mostrava os avanços que têm alcançado na química renovável,
na biotecnologia, no desenvolvimento do plástico verde, os investimentos
em inovação em sua unidade do Rio Grande do Sul.
Nos corredores, engenheiros da Embraer relatavam o sucesso de sua
Universidade Corporativa. Anualmente, selecionam engenheiros
recém-formados, uma rapaziada nova, com mais conhecimento que as
gerações anteriores, sequiosa por prospectar novos caminhos.
No curso, cada aluno é desafiado a desenvolver um plano de negócio
criando um modelo de aeronave. Pensam o design, a tecnologia, a relação
custo-benefício, estimam mercado, preço, pesquisam nos sites
internacionais, buscam novos materiais.
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Há um conjunto de avanços que se fazem necessários no país.
Mas uma renovação urgente é nos CEOs das grandes corporações. Hoje em
dia, a inovação é praticada por um grupo extremamente restrito de
empresas – o grupo Odebrecht, a Embraer, Petrobras, de certo modo, a
Natura, um ou outro laboratório farmacêutico, e não muitas mais.
Na Finlândia, quando percebeu que perderia mercado para os
brasileiros, um grupo de papel e celulose criou a Nokia, que se tornou
uma das maiores empresas de equipamentos de telecomunicações do planeta.
Está na hora dos grandes grupos nacionais ousarem mais.
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