resistir info - 04 set 2013
por Paul Craig Roberts
Enquanto continua a reclamar poderes ditatoriais para iniciar uma guerra por
conta própria, Obama adiou seu ataque unilateral à Síria
ao receber uma carta de mais de 160 membros da Câmara dos Deputados
recordando-o que levar o país à guerra sem
aprovação do Congresso é ofensa punível com o
impedimento
(impeachment).
Além disso, teve de adiar quando viu que nenhum país poderia
servir como cobertura para um crime de guerra, pois nem mesmo o governo
fantoche britânico e os estados fantoches da NATO apoiariam a anunciada
agressão militar da América contra a Síria.
No ataque à Líbia Obama conseguiu escapar sem um OK do Congresso
porque utilizou fantoches da NATO e não forças militares dos EUA.
Aquele estratagema permitiu a Obama afirmar que os EUA não estavam
directamente envolvidos.
Agora que a falta de cobertura e o desafio do Congresso levou o aspirante a
tirano Obama a adiar seu ataque à Síria, o que se pode esperar?
Se Obama fosse inteligente – e evidentemente alguém que indica
Susan Rice como sua conselheira de segurança nacional não
é inteligente – ele simplesmente deixaria o ataque à
Síria desvanecer-se e morrer até o Congresso retornar do recesso
em 9 de Setembro para enfrentar os problemas insolúveis do défice
orçamental e do tecto da dívida.
Uma administração competente perceberia que um governo incapaz de
pagar as suas contas sem a intensa utilização das máquinas
de impressão está com demasiada perturbação para se
preocupar com o que está a acontecer na Síria. Nenhuma
administração competente arriscaria um ataque militar que pudesse
resultar numa conflagração do Médio Oriente e uma
ascensão nos preços do petróleo, piorando portanto a
situação económica enfrentada por Washington.
Mas Obama e a sua colecção de incapazes demonstraram não
terem competência. O regime também é corrupto e todo o
edifício repousa sobre nada, excepto mentiras.
Agora que a Casa Branca percebeu que Obama não pode cometer um crime de
guerra sem cobertura, eis o que provavelmente podemos esperar. A
argumentação mudará da utilização ou
não de armas químicas por Assad e tornar-se-á que o
Congresso não deve minar o prestígio e a credibilidade dos EUA
deixando de apoiar o presidente Obama, o homem frontal para guerras de
agressão americanas.
A Casa Branca subornará, seduzirá e intimidará o
Congresso. O argumento do regime será que o prestígio e a
credibilidade da América estão em causa, portanto o Congresso
deve apoiar o presidente. O presidente e o secretário de Estado fizeram
declarações inequívocas acerca da culpabilidade de Assad e
da sua determinação em puni-lo. Dada a insanidade de Washington,
o modo como Washington pune Assad por (alegadamente) matar sírios com
armas químicas é matar sírios com mísseis de
cruzeiro.
Se isto não faz sentido para si, é porque não pertence ao
governo de Obama ou aos media americanos e você nunca poderia ser um
neoconservador.
A Casa Branca argumentará que Obama se comprometeu junto ao Congresso ao
deixá-lo votar sobre a decisão e que parte do compromisso do
Congresso é dar-lhe apoio. Encontramo-nos a meio caminho, dirá a
Casa Branca.
O Lobby de Israel, Susan Rice, o neocons e belicosos como os senadores John
McCain e Lindsey Graham argumentarão que a falta de apoio para o ataque
de Obama prejudica a credibilidade da América, ajuda os
"terroristas" e "deixa a América indefesa".
Já é bastante mau, argumentarão, que Obama tenha mostrado
indecisão com a espera da aprovação do Congresso e
irresolução ao substituir por um ataque limitado o plano original
de mudança de regime.
Confrontados com ameaças de um corte nas generosas doações
de campanha do Lobby de Israel e do complexo militar/segurança, a
Câmara e o Senado podem ser postos na ordem para "apoiar o
país" quando ele comete mais um crime de guerra. A
combinação de subornos, intimidação e apelos
patrióticos para apoiar o prestígio da América pode
inclinar o Congresso. Ninguém realmente sabe se os 160 e tantos membros
da Câmara são sinceros acerca da advertência a Obama, ou se
eles simplesmente queriam alguma coisa. Talvez quisessem apenas que Obama
gaguejasse a pedir a sua aprovação.
Se o Congresso dá o seu apoio a mais este crime de guerra americano, o
primeiro-ministro britânico David Cameron pode voltar ao Parlamento e
dizer-lhe que Obama "agora pôs o Congresso na ordem, portanto
providenciem cobertura e se o Parlamento não for em frente será
privado do dinheiro".
Poucos políticos britânicos, além de George Galloway, ficam
confortáveis ao serem privados do dinheiro.
Se Cameron arrebanha o Parlamento, os outros países NATO podem decidir
embarcar no comboio da alegria
(bandwagon)
dos pagamentos. A regra predominante da civilização ocidental
é que mais dinheiro é melhor do que nenhum dinheiro.
Washington e seus fantoches europeus da NATO criticarão a Rússia
e a China por utilizarem seus vetos no Conselho de Segurança para
impedir a ONU de levar justiça, liberdade e democracia à
Síria. Estes falsos argumentos serão utilizados pela
prostituída imprensa ocidental para minimizar a importância da
oposição do Conselho de Segurança ao ataque de Washington
à Síria. Por que deveria Washington ser dissuadida pelos membros
do Conselho de Segurança que apoiam a utilização de armas
químicas por Assad?, perguntarão os media prostituídos dos
EUA. Os prostitutos que compõem os media estado-unidenses farão
tudo o que podem para assegurar que Washington mate ainda mais sírios.
Matar é a característica inconfundível da América.
Como prova a história da humanidade, as pessoas farão qualquer
coisa por dinheiro. Excepções notáveis são Edward
Snowden, Bradley Manning e Julian Assange. Se qualquer destes homens que dizem
a verdade tivesse ido a Washington e dissesse "compre-me", em troca
do seu silêncio Washington lhes teria proporcionado grandes fortunas com
as quais poderiam viver uma vida confortável.
Considerando quão corrupto é o governo dos EUA e como Washington
está determinada no seu caminho, os inspectores de armas químicas
da ONU estão em risco. É improvável que venham a ter um
acidente como SEAL Team Six
[1]
. Mas a menos que sejam sequestrados como um júri, eles são alvos
para corrupção. Se o relatório da ONU não apoiar a
posição da Casa Branca, o secretário-geral será
pressionado a tornar o relatório inconclusivo. Afinal de contas,
Washington preenche os cheques que mantêm a ONU no negócio.
Ninguém deverá esperar que o Congresso dos EUA vote com base nas
provas. Além disso, o Congresso até agora não mostrou
qualquer entendimento de que tenha ou não Assad utilizado armas
químicas, é um crime de guerra os EUA cometerem uma
agressão aberta contra a Síria, um país que não
atacou os EUA. Não é assunto de Washington como o governo
sírio deita abaixo os esforços dos extremistas da al-Nusra para
derrubá-lo.
O argumento de Obama de que está certo matar pessoas com fósforo
branco e urânio empobrecido, como fazem os EUA e Israel, mas não
com gás sarin, não tem lógica.
www.washingtonsblog.com/...
A própria Washington tem planos de contingência para utilizar
armas nucleares
destruidoras de bunkers contra instalações subterrâneas de
energia nuclear do Irão. Se Washington acredita que não
são permissíveis armas de destruição em massa, por
que tem tantas delas e planos de contingência para utilizá-las?
Será que Washington lamenta ter lançado duas bombas nucleares
sobre civis em cidades japonesas no próprio momento em que o governo
japonês fazia tudo ao seu alcance para a rendição?
Mesmo depois de terminada a Guerra-fria, a guerra quente permaneceu a base da
política externa dos EUA. George H.W. Bush atacou o Iraque depois de a
embaixadora de Bush ter dado sinal verde a Saddam Hussein para atacar o Kuwait.
Clinton atacou a Sérvia com falsos pretextos e sem qualquer autoridade
constitucional ou legal. George W. Bush atacou o Afeganistão e o Iraque
na base de mentiras. Obama renovou o ataque ao Afeganistão e atacou
também o Iémen, o Paquistão e a Somália – e
agora pretende impedir a derrota dos seus mercenários mediante o ataque
à Síria.
Washington está a construir uma cadeia de bases militares em torno tanto
da Rússia como da China. Estas bases são extremamente
provocadoras e prenunciam guerra nuclear.
Os EUA, um país com um vasto arsenal de armas nucleares, cujos
líderes políticos são tanto como corrupto como insanos,
constituem um grande perigo para a vida sobre a terra. Que Washington é
o perigo número um para o mundo é agora universalmente
reconhecido, excepto pelos americanos que exibem manifestações
exteriores de ultra-patriotismo.
São estes crédulos tolos que possibilitam a
morte da humanidade através da guerra.
Até a economia dos EUA entrar em colapso, Washington ainda imprime
dinheiro e pode comprar aquiescência para os seus crimes. Washington pode
confiar nos media prostituídos para que contem as suas mentiras como seu
fossem factos. O mundo não estará seguro enquanto o castelo de
cartas americano não entrar em colapso.
Sinto pena por aqueles americanos desinformados que pensam viver no melhor
país do mundo. Demasiadamente poucos americanos se importam em que o seu
governo tenha destruído vidas incontáveis desde a América
Central e o Vietname até o Médio Oriente e a África. Os
militares dos EUA rotineiramente assassinam civis no Afeganistão,
Paquistão, Iémen, Somália e são responsáveis
por até 1.000.000 de mortos e 4.000.000 deslocados iraquianos. A
definição americana do "melhor país do mundo"
é o país que pode assassinar o máximo de pessoas
inocentes, pessoas que nunca atacaram a América, pessoas que outrora
encaravam a América como a esperança do mundo e agora
vêem-na como uma ameaça mortal.
Demasiados americanos não fazem ideia de que um quinto dos seus
concidadãos estão dependentes do apoio governamental ou, se
souberem, culpam os infelizes por serem sanguessugas do dinheiro dos
contribuintes. Nos EUA os salários e as oportunidades de emprego
estão a declinar. Não há restrições ao
saqueio de cidadãos por instituições financeiras.
Não há constrangimentos para a ilegalidade e brutalidade da
polícia e nenhum limite para as mentiras que mantêm a
população americana presa na Matrix inconsciente da realidade.
Como um tal povo poderá manter a liberdade ou restringir um governo
comprometido com a guerra puxa pela imaginação.
Aqueles republicanos que se preocupam acerca do fardo da dívida dos
nossos filhos e netos estão preocupados com um futuro que pode nunca
acontecer. A arrogância de Washington está a empurrar o mundo rumo
para a guerra nuclear.
"O melhor país do mundo" é a força do mal que
está a destruir as vidas e as perspectivas de muitos povos diferentes e
ainda pode destruir toda a vida sobre a terra.
02/Setembro/2013
[1] SEAL Team Six: Unidade secreta dos EUA destinada a acções
terroristas,
en.wikipedia.org/wiki/SEAL_Team_Six
O original encontra-se em www.globalresearch.ca/...
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