Luis Nassif - sab, 07/09/2013 - 15:03
Sugerido por Antonio Ateu
Do Esquerda.net
Stiglitz: "Nada é pior do que subestimar a necessidade de reestruturar a dívida"
Em entrevista ao Expresso, o Nobel da Economia diz que a troika falhou porque subestimou a gravidade das recessões provocadas pela sua política e aconselha Portugal a "evitar mais austeridade". Quanto ao terceiro resgate grego, "é a prova da má gestão da troika", acusa Stiglitz
O terceiro resgate à Grécia é a repetição da má gestão do FMI na América Latina, denuncia Joseph Stigliz. "O que se deve fazer é tomar medidas para o crescimento e fazer reestruturações suficientemente profundas para não ter que se repetir várias vezes", defende o professor da Universidade de Columbia, nos EUA. "Nada é pior do que tentar subestimar a necessidade de reestruturar a dívida", sublinha Stiglitz, pois isso "deixa a economia num limbo em que não cresce e foi isso que a troika fez" na Grécia.
O economista que lançou recentemente o livro "O Preço da Desigualdade", explicou ao semanário Expresso que "a crise, como tem sido gerida pela troika, tem exarcebado as consequências da desigualdade", uma vez que "há mais desempregados, mais desemprego pressiona a descida dos salários e afeta todos os trabalhadores e, finalmente, os cortes nos serviços públicos afetam mais os que dependem deles".
Para Joseph Stiglitz, que foi galardoado com o Nobel da Economia em 2001, a Europa não tem razões para estar otimista em ver qualquer recuperação económica "enquanto continuar a visão de que a austeridade funciona". A grande questão, aponta o economista norte-americano, é saber "até quando os eleitorados têm paciência para esta dor auto-infligida".
Defensor da união bancária europeia e dos eurobonds, Stiglitz defende que a taxa de juro do BCE deve descer dos atuais 0,5% para desvalorizar o euro e aumentar a competitividade da produção europeia, embora reconheça que "essas medidas não funcionam nos países que enfrentam as condições mais extremas", como Portugal e a Grécia. "Enquanto estiverem ligados ao euro, a margem de liberdade política é muito restrita", tal como a margem orçamental, avalia o economista. "Por isso é necessário mudar a política da União Europeia e da troika.
Stiglitz não poupa críticas à atuação do FMI, BCE e Comissão Europeia nas economias sob o memorando, e receia que a situação só possa piorar, dado que as eleições alemãs parecem indicar uma maioria que não se convence que a Alemanha "é a principal beneficiária do euro e que teve enormes excedentes à custa de défices de outros países".
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