qui, 05/12/2013 - 06:00
- Atualizado em 05/12/2013 - 06:00
Os dados da produção industrial do país
em outubro surpreenderam positivamente. Houve avanço de 0,6% em outubro,
terceiro mês consecutivo de aumento – 0,2% e 0,5% respectivamente em
agosto e setembro.
O crescimento de 0,6% em relação ao mês
anterior e de 0,9% em relação a outubro de 2012 supera as expectativas
do mercado, que apostava respectivamente em 0,1% e 0,4%.
Das quatro categorias de uso, houve
queda no setor de bens de consumo duráveis (menor do que se previa); e
alta para a produção de bens de capital e de consumo de semiduráveis e
não-duráveis.
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Assim como os dados do PIB (Produto
Interno Bruto), a volatilidade registrada nos últimos tempos não permite
ainda fixar uma tendência.
O IEDI (Instituto de Estudos para o
Desenvolvimento Industrial), centro de inteligência do pensamento
industrial em São Paulo, indaga-se se, com três meses seguidos de alta,
acabou o “efeito-gangorra” do ano, que registrava altas inesperadas
seguidas de quedas imprevistas.
Apesar de julgar que ainda é cedo para
uma conclusão definitiva, o IEDI acredita em 2014 com taxas de
crescimento positivas. Mas a expectativa é que o ano comece com ritmo
modesto de crescimento.
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Essa indefinição permeia também as análises do Banco Itaú.
O dado otimista é a disseminação do
crescimento entre os subsetores industriais, a maior em quatro meses,
com expansão em 21 das 27 atividades abrangidas pela pesquisa. Além
disso, o índice mensal de formação bruta de capital cresceu 6,4% em
relação a outubro de 2012.
Mesmo assim, o Itaú acredita em uma
moderação no crescimento industrial nos próximos meses. Identificou
sinais crescentes de arrefecimento da demanda por bens de capital. Esse
mesmo movimento foi captado pelo Departamento Econômico do Bradesco.
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Apesar do respiro dos três últimos
meses, não foi um bom ano para a indústria, segundo o IEDI. Nos dez
primeiros meses do ano, a produção industrial cresceu apenas 1,6%. E
isso graças à recuperação dos setores de bens de capital e de bens
duráveis, crescimento respectivamente de 14,9% e 1,6% no período.
Mas o setor de maior peso da indústria é
a de bens intermediários. Este aumentou apenas 0,1% no período, devido à
forte concorrência dos importados.
A atividade que mais puxou a indústria foi a da produção de veículos automotores, com alta de 10,3% nos dez meses.
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O Itaú admite que esse crescimento da
produção industrial diminui o risco de um PIB negativo no quarto
trimestre. Com esses dados, as projeções do Bradesco são de um
crescimento do PIB de 2,2% no ano, similares às do Itau antes da
divulgação desses indicadores.
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O mais curioso nesse jogo de dados é a
dimensão política que passou a se dar a esses indicadores. A cada índice
positivo, o governo acena como o fim do Pibinho. A cada índice
negativo, oposição e mídia acenam com a recessão e o desespero.
Esse curto-prazismo e essa exploração
desmedida de qualquer informação ou dado tornaram-se uma das pragas
centrais da discussão pública atual. É de um ridículo atroz criar
cavalos de batalha em torno de variações de 0,2, 0,3% de qualquer
índice.
O país merecia uma discussão estratégica mais elevada.
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