O Banco Mundial divulgou ontem um estudo inédito sobre a participação das pessoas que compõem a base da pirâmide social no mercado de consumo global. Verificou-se que os mais pobres do mundo somam 4 bilhões de pessoas. Juntas, formam um vigoroso mercado de consumo de US$ 5 trilhões. A notícia é do blog de Josias de Souza, 20-03-2007. A pesquisa tomou como pobres os consumidores com renda anual de US$ 3 mil –algo como R$ 6.200 por ano; ou R$ 516 por mês. No Brasil, esse naco de consumidores mais pobres representa 70,7% da população. Para um mercado total estimado em US$ 527 bilhões, os brasileiros pobres entram com US$ 181 bilhões. Não é pouca coisa. Corresponde a 34,5% do total do mercado de consumo interno do país. Em reais, significa algo como R$ 376 bilhões. Fatiando os hábitos de consumo dos pobres, o Banco Mundial constatou o óbvio. No Brasil, eles gastam pouquíssimo, quase nada, com a formação de suas crianças. Esses 70% da população respondem por escassos 8% do consumo nacional com educação. Natural. O pobre precisa, antes de mais nada, encher a geladeira. Mas não deixa de ser trágico. Uma curiosidade: os brasileiros assentados na base da pirâmide social respondem por 57,8% de todo o gasto nacional com energia elétrica no mercado doméstico. Quem lê o estudo do Banco Mundial fica com a impressão de que a distribuição de renda não deveria ser uma bandeira da esquerda caduca. Teria de ser empunhada por qualquer empresário que esteja interessado no progresso de seu negócio. Com uma política sólida e duradoura de partilha das riquezas nacionais, o Brasil construiria um mercado interno capaz de proporcionar índices vistosos crescentes de crescimento do seu PIB. Se der aos filhos da pobreza uma escola decente, aí mesmo é que o país deslancharia de vez. Encher os bolsos do pobre deveria ser uma prioridade da direita empresarial. Ou, por outra, deveria ser um objetivo supra-ideológico.
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