O símbolo do capitalismo brasileiro tem a sua imagem associada ao trabalho escravo e pendências com o INSS
“Um símbolo do novo capitalismo brasileiro”, assim é definida a empresa aérea Gol, capa da revista Exame da quinzena.
Segundo a revista, a trajetória da companhia fundada pelo empresário mineiro Nenê Constantino é fulminante. A Gol começou a operar em 2001, com uma frota de seis aviões e participação de mercado de apenas 5%, mas desde então vem crescendo de forma exponencial. No ano seguinte, triplicou de tamanho. Em 2003, dobrou. Em 2004, abriu o capital na bolsa de valores. Em 2005, começou a voar para os países vizinhos. No ano passado, conquistou nada menos que 37% do mercado local. E, no mais espantoso passo de sua vertiginosa trajetória, anunciou no final de março a compra, por 320 milhões de dólares, da Varig, empresa que dominava amplamente a aviação brasileira quando a Gol começou. O novo modelo engoliu o velho, diz a revista.
Pode-se afirmar que a Gol é o símbolo mais visível de um novo capitalismo brasileiro, atesta a revista dirigida ao empresariado brasileiro.
"Nunca houve uma companhia que crescesse de forma tão avassaladora no Brasil", diz o ex-ministro Mailson da Nóbrega, sócio da consultoria Tendências. A Casas Bahia, por exemplo, demorou 48 anos para atingir um faturamento de 3 bilhões de reais. A Natura, 36. Mesmo se comparada a outras companhias de perfil semelhante no mundo, a Gol sobressai. Uma espécie de ícone do modelo de baixo custo adotado pela companhia brasileira, a americana JetBlue, fundada por David Neeleman, também demorou cinco anos para atingir um faturamento de 1,7 bilhão de dólares.
IHU antecipa a revista Exame
Antecipando a revista Exame, alguns dias antes, a análise da conjuntura do IHU, já anunciava que a Gol é o exemplo emblemático do capitalismo do século XXI. Dizia a análise da conjuntura: A Gol é uma empresa incensada como sendo o exemplo do capitalismo do século XXI. "Low-fare, low-cost" (tarifas baixas, custo baixo) é o seu conceito de empresa, como manda o manual do capitalismo da lean production . A Gol é considerada também modelo de gestão na área informacional e nas relações de trabalho.
A contratação de funcionários manifesta a exigência da moderna ética no trabalho. Aquela em que se pede total dedicação à empresa. "O candidato tem que se empolgar, vibrar e até chorar quando a gente passa o vídeo institucional", afirma Rosangela Manfredini, diretora de Recursos Humanos da holding Áurea, responsável pelo recrutamento de profissionais da empresa aérea Gol. [Caderno Empregos, O Estado de S.Paulo, 17-8-03].
Um passo a mais da espetacular ascensão da Gol foi a compra da Varig. Originária do setor de transporte rodoviário, o grupo Áurea - controladora da Gol - reúne mais de 30 empresas, 4 mil ônibus e fatura R$ 1 bilhão por ano rivalizando com a Itapemirim no monopólio do transporte rodoviário - uma de suas últimas aquisições foi a Caxiense (Caxias do Sul - RS). O atual presidente da Gol, o empresário Constantino de Oliveira Júnior, com apenas 38 anos, já entrou para o seleto grupo de bilionários do planeta com direito à citação na revista americana Forbes por ser o mais jovem brasileiro a possuir um patrimônio de mais de US$ 1 bilhão.
O que a revista Exame não revelou
Entretanto, o que a revista Exame não destaca em sua reportagem é a imagem da Gol associada ao trabalho escravo. Segundo a análise da conjuntura, o outro lado menos fulgurante da empresa é a notícia de que o seu proprietário está na lista de donos de fazenda com trabalho escravo.
Constantino de Oliveira, pai de Constantino de Oliveira Júnior, está há 27 meses no cadastro dos empregadores que exploram trabalhadores chamados de "escravos". A propriedade fica em Correntina, um município de 30 mil habitantes no extremo oeste da Bahia, a 919 km de Salvador. Os trabalhadores libertados catavam raízes para limpar o terreno. Eles ganhavam de R$ 15,00 a R$ 27,00 por alqueire catado. Havia também pagamento por dia trabalhado: de R$ 6,00 a R$ 15,00. O dono da Gol diz que não sabia das condições.
Problemas com o INSS
Por outro lado, a revista Exame revela que a empresa tem problemas com o INSS. Segundo, a Exame o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) vem tentando fazer com que a companhia aérea arque com dívidas previdenciárias deixadas por empresas de ônibus que, segundo o instituto, já pertenceram aos irmãos Constantino. No total, são 32 processos, alguns deles com mais de dez anos. A dívida pode chegar a 400 milhões de reais.
Nesse embate, a Gol sofreu sua primeira derrota no final do ano passado, quando o juiz da 4a Vara de Execuções Fiscais de São Paulo emitiu parecer favorável ao INSS. Nele, ficou estabelecida a inclusão da Gol nos processos - ou seja, as dívidas podem ser cobradas dos irmãos. Para tentar controlar o problema, Henrique Constantino, o irmão mais novo do clã, ofereceu suas ações como garantia de pagamento ao INSS, num total de aproximadamente 20 milhões de reais. Os processos ainda estão na Justiça. A Gol nega que tenha qualquer ligação com processos envolvendo empresas de transporte rodoviário, comenta a revista.
Sobre a Gol, a análise de conjuntura do IHU destaca: Nas pistas e pátios de taxeamento dos aeroportos, a Gol, símbolo da modernidade acabada do país, convive com notícias de prática de trabalho escravo, agora somada aos seus débitos com o INSS. O Brasil do século XXI preso a amarras do século XIX.
Segundo a revista, a trajetória da companhia fundada pelo empresário mineiro Nenê Constantino é fulminante. A Gol começou a operar em 2001, com uma frota de seis aviões e participação de mercado de apenas 5%, mas desde então vem crescendo de forma exponencial. No ano seguinte, triplicou de tamanho. Em 2003, dobrou. Em 2004, abriu o capital na bolsa de valores. Em 2005, começou a voar para os países vizinhos. No ano passado, conquistou nada menos que 37% do mercado local. E, no mais espantoso passo de sua vertiginosa trajetória, anunciou no final de março a compra, por 320 milhões de dólares, da Varig, empresa que dominava amplamente a aviação brasileira quando a Gol começou. O novo modelo engoliu o velho, diz a revista.
Pode-se afirmar que a Gol é o símbolo mais visível de um novo capitalismo brasileiro, atesta a revista dirigida ao empresariado brasileiro.
"Nunca houve uma companhia que crescesse de forma tão avassaladora no Brasil", diz o ex-ministro Mailson da Nóbrega, sócio da consultoria Tendências. A Casas Bahia, por exemplo, demorou 48 anos para atingir um faturamento de 3 bilhões de reais. A Natura, 36. Mesmo se comparada a outras companhias de perfil semelhante no mundo, a Gol sobressai. Uma espécie de ícone do modelo de baixo custo adotado pela companhia brasileira, a americana JetBlue, fundada por David Neeleman, também demorou cinco anos para atingir um faturamento de 1,7 bilhão de dólares.
IHU antecipa a revista Exame
Antecipando a revista Exame, alguns dias antes, a análise da conjuntura do IHU, já anunciava que a Gol é o exemplo emblemático do capitalismo do século XXI. Dizia a análise da conjuntura: A Gol é uma empresa incensada como sendo o exemplo do capitalismo do século XXI. "Low-fare, low-cost" (tarifas baixas, custo baixo) é o seu conceito de empresa, como manda o manual do capitalismo da lean production . A Gol é considerada também modelo de gestão na área informacional e nas relações de trabalho.
A contratação de funcionários manifesta a exigência da moderna ética no trabalho. Aquela em que se pede total dedicação à empresa. "O candidato tem que se empolgar, vibrar e até chorar quando a gente passa o vídeo institucional", afirma Rosangela Manfredini, diretora de Recursos Humanos da holding Áurea, responsável pelo recrutamento de profissionais da empresa aérea Gol. [Caderno Empregos, O Estado de S.Paulo, 17-8-03].
Um passo a mais da espetacular ascensão da Gol foi a compra da Varig. Originária do setor de transporte rodoviário, o grupo Áurea - controladora da Gol - reúne mais de 30 empresas, 4 mil ônibus e fatura R$ 1 bilhão por ano rivalizando com a Itapemirim no monopólio do transporte rodoviário - uma de suas últimas aquisições foi a Caxiense (Caxias do Sul - RS). O atual presidente da Gol, o empresário Constantino de Oliveira Júnior, com apenas 38 anos, já entrou para o seleto grupo de bilionários do planeta com direito à citação na revista americana Forbes por ser o mais jovem brasileiro a possuir um patrimônio de mais de US$ 1 bilhão.
O que a revista Exame não revelou
Entretanto, o que a revista Exame não destaca em sua reportagem é a imagem da Gol associada ao trabalho escravo. Segundo a análise da conjuntura, o outro lado menos fulgurante da empresa é a notícia de que o seu proprietário está na lista de donos de fazenda com trabalho escravo.
Constantino de Oliveira, pai de Constantino de Oliveira Júnior, está há 27 meses no cadastro dos empregadores que exploram trabalhadores chamados de "escravos". A propriedade fica em Correntina, um município de 30 mil habitantes no extremo oeste da Bahia, a 919 km de Salvador. Os trabalhadores libertados catavam raízes para limpar o terreno. Eles ganhavam de R$ 15,00 a R$ 27,00 por alqueire catado. Havia também pagamento por dia trabalhado: de R$ 6,00 a R$ 15,00. O dono da Gol diz que não sabia das condições.
Problemas com o INSS
Por outro lado, a revista Exame revela que a empresa tem problemas com o INSS. Segundo, a Exame o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) vem tentando fazer com que a companhia aérea arque com dívidas previdenciárias deixadas por empresas de ônibus que, segundo o instituto, já pertenceram aos irmãos Constantino. No total, são 32 processos, alguns deles com mais de dez anos. A dívida pode chegar a 400 milhões de reais.
Nesse embate, a Gol sofreu sua primeira derrota no final do ano passado, quando o juiz da 4a Vara de Execuções Fiscais de São Paulo emitiu parecer favorável ao INSS. Nele, ficou estabelecida a inclusão da Gol nos processos - ou seja, as dívidas podem ser cobradas dos irmãos. Para tentar controlar o problema, Henrique Constantino, o irmão mais novo do clã, ofereceu suas ações como garantia de pagamento ao INSS, num total de aproximadamente 20 milhões de reais. Os processos ainda estão na Justiça. A Gol nega que tenha qualquer ligação com processos envolvendo empresas de transporte rodoviário, comenta a revista.
Sobre a Gol, a análise de conjuntura do IHU destaca: Nas pistas e pátios de taxeamento dos aeroportos, a Gol, símbolo da modernidade acabada do país, convive com notícias de prática de trabalho escravo, agora somada aos seus débitos com o INSS. O Brasil do século XXI preso a amarras do século XIX.
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