Adolescentes gays. Um terço dos jovens suicidas é homossexual, segundo a OMS
São histórias de silêncio. Filhos que não o dizem e pais que não querem saber, companheiros de escola hostis e professores distraídos. São histórias de amor jamais confessadas, impulsos negados, identidades confusas, rapazinhos em busca de uma identidade que a sociedade, no entanto, recusa. Como Matteo, estudante modelo, que os amigos ridicularizavam dizendo-lhe “és gay”. E ele, faz nove dias, se matou. A reportagem é do jornal La Repubblica, 11-04-2007.
Em 2005 a Organização Mundial da Saúde difundiu dados assustadores: entre todos os suicídios de adolescentes (na Itália, no ano passado, foram 375), pelo menos um terço é “caracterizado pela descoberta da própria diversidade”. Verdadeira, presumida ou simplesmente atribuída. Conta Giorgio, que hoje tem 19 anos e vive sua homossexualidade sem sombras: “Eu era uma criança quieta, estudiosa, detestava jogar futebol e fazer lutas. Resultado: os meus colegas me chamavam de Giorgia, diziam que eu era uma feminina, e a professora aconselhou minha mãe a induzir-me a fazer esportes masculinos para me ajudar a curar...”.
Histórias de hoje e de pouco tempo atrás. Denuncia Franco Grillini, presidente honorário da Arcigay: “Assistimos a uma das mais violentas campanhas dos últimos 50 anos contra a homossexualidae. Como pode sentir- se, neste clima, um adolescente, quando descobre experimentar atração tanto por uma pessoa masculina como por uma feminina, e o “bando” dos seus pares começa a chama-lo de gay e a marginaliza-lo?”
Experimenta uma dor tremenda. Como aquela de Matteo. De um estudo da Agedo, a Associação dos Genitores de Homossexuais, que elaborou os dados de diversas pesquisas, emerge que num padrão de rapazes e meninas gay dos 14 aos 25 anos, apenas 20% aceitam a própria condição de homossexual, contra 60% que a refutam, 22% que pensam em atos de suicídio, e destes 5% cconcretizam efetivamente algumas tentativas de tirar-se a vida.
Chiara Saraceno, socióloga, explica que aos 14, 15, 16 anos, “os rapazinhos se perguntam seguidamente se são normais, se são como os outros, e descobrir que são diversos pode ser deflagrador, não como fato em si, mas porque “normal” é considerada somente a heterossexualidade”. E acrescenta: “Parece-me que hoje haja mais machismo do que antes e Mateus, o jovem que se matou, era carimbado como “gay” somente porque era mais sensível, talvez introvertido.
A adolescência é um período de confrontos cruéis entre coetâneos, é normal, se, no entanto, a identidade sexual é estigmatizada como certa ou errada pela sociedade, eis que descobrir-se diferente do grupo, pode resultar insuportável. Tanto que os adolescentes procuram primeiro negar consigo mesmos a própria descoberta, e depois negam-na com todos os outros: amigos, genitores, professores. Viver depois esta sexualidade é empresa árdua e para os moços é depois ainda mais difícil do que para as moças. Enquanto entre duas moças as manifestações de afeto, a intimidade, as amizades exclusivas são comportamentos aceitos, entre os moços são banidas, ou carimbadas como atos de mulheres”.
É um mundo submerso aquele dos teen-ager gays. Difícil e hostil. Confessa Marzia, 17 anos, através de um e-mail com nome fictício: “Há seis meses tenho uma história com uma senhora de mais idade que eu. Ninguém o sabe, escondo-o de todos. Sou feliz, mas me envergonho. Meus colegas de classe dizem que sou graciosa mas antipática porque não aceito os seus convites, minha mãe se admira porque ainda não tive um noivo. Meu pai sustenta que os gays são criminosos, meu irmão que são repulsivos...”
Uma condição de silêncio que a Associação Genitores de Homossexuais conhece bem. Porque explica Alessandro Galvani, ex-rapazinho gay “massacrado” como diz ele mesmo e hoje secretário da associação, “se a escola e os coetâneos são hostis aos teen-ager gays, a família pode ser um muro intransponível, onde os filhos fingem e os pais o condenam ou desesperam, e são quase sempre de todo despreparados para acolher a notícia”. A história de Patrizia M, que habita numa cidadezinha da Emilia e é mãe de um jovem gay, é todavia um pouco diversa. “Meu filho – conta Patrizia – foi discriminado desde pequeníssimo. Na escola elementar chamavam-no de menininha, na média o discriminavam e o insultavam chamando-o de “bicha”. Ele tinha tal pavor dos buliçosos que por anos não foi ao banheiro da escola... Sofria por certo, mas os seus sofrimentos eram também os meus e me recordo de sua tristeza, de sua raiva. Meu marido e eu na verdade havíamos descoberto há tempo quais fossem suas inclinações e, precisamente para pôr fim a equívocos e para ajudá-lo, enfrentei eu o discurso e o impeli a abrir-se... Não foi fácil aceitar. Não. É como se todos os sonhos que fizera sobre o seu futuro “normal” tivessem sido cancelados, jogados fora. Mas, o amor foi mais forte. Por ele comecei a ler, a procurar entender, fui à Agedo, encontrei outros pais de rapazes homossexuais. Foi uma experiência fundamental, porque hoje meu filho vive à luz do sol o seu ser gay e nós estamos serenos. E quando nos apresentar um companheiro, o acolheremos na família”.
Em 2005 a Organização Mundial da Saúde difundiu dados assustadores: entre todos os suicídios de adolescentes (na Itália, no ano passado, foram 375), pelo menos um terço é “caracterizado pela descoberta da própria diversidade”. Verdadeira, presumida ou simplesmente atribuída. Conta Giorgio, que hoje tem 19 anos e vive sua homossexualidade sem sombras: “Eu era uma criança quieta, estudiosa, detestava jogar futebol e fazer lutas. Resultado: os meus colegas me chamavam de Giorgia, diziam que eu era uma feminina, e a professora aconselhou minha mãe a induzir-me a fazer esportes masculinos para me ajudar a curar...”.
Histórias de hoje e de pouco tempo atrás. Denuncia Franco Grillini, presidente honorário da Arcigay: “Assistimos a uma das mais violentas campanhas dos últimos 50 anos contra a homossexualidae. Como pode sentir- se, neste clima, um adolescente, quando descobre experimentar atração tanto por uma pessoa masculina como por uma feminina, e o “bando” dos seus pares começa a chama-lo de gay e a marginaliza-lo?”
Experimenta uma dor tremenda. Como aquela de Matteo. De um estudo da Agedo, a Associação dos Genitores de Homossexuais, que elaborou os dados de diversas pesquisas, emerge que num padrão de rapazes e meninas gay dos 14 aos 25 anos, apenas 20% aceitam a própria condição de homossexual, contra 60% que a refutam, 22% que pensam em atos de suicídio, e destes 5% cconcretizam efetivamente algumas tentativas de tirar-se a vida.
Chiara Saraceno, socióloga, explica que aos 14, 15, 16 anos, “os rapazinhos se perguntam seguidamente se são normais, se são como os outros, e descobrir que são diversos pode ser deflagrador, não como fato em si, mas porque “normal” é considerada somente a heterossexualidade”. E acrescenta: “Parece-me que hoje haja mais machismo do que antes e Mateus, o jovem que se matou, era carimbado como “gay” somente porque era mais sensível, talvez introvertido.
A adolescência é um período de confrontos cruéis entre coetâneos, é normal, se, no entanto, a identidade sexual é estigmatizada como certa ou errada pela sociedade, eis que descobrir-se diferente do grupo, pode resultar insuportável. Tanto que os adolescentes procuram primeiro negar consigo mesmos a própria descoberta, e depois negam-na com todos os outros: amigos, genitores, professores. Viver depois esta sexualidade é empresa árdua e para os moços é depois ainda mais difícil do que para as moças. Enquanto entre duas moças as manifestações de afeto, a intimidade, as amizades exclusivas são comportamentos aceitos, entre os moços são banidas, ou carimbadas como atos de mulheres”.
É um mundo submerso aquele dos teen-ager gays. Difícil e hostil. Confessa Marzia, 17 anos, através de um e-mail com nome fictício: “Há seis meses tenho uma história com uma senhora de mais idade que eu. Ninguém o sabe, escondo-o de todos. Sou feliz, mas me envergonho. Meus colegas de classe dizem que sou graciosa mas antipática porque não aceito os seus convites, minha mãe se admira porque ainda não tive um noivo. Meu pai sustenta que os gays são criminosos, meu irmão que são repulsivos...”
Uma condição de silêncio que a Associação Genitores de Homossexuais conhece bem. Porque explica Alessandro Galvani, ex-rapazinho gay “massacrado” como diz ele mesmo e hoje secretário da associação, “se a escola e os coetâneos são hostis aos teen-ager gays, a família pode ser um muro intransponível, onde os filhos fingem e os pais o condenam ou desesperam, e são quase sempre de todo despreparados para acolher a notícia”. A história de Patrizia M, que habita numa cidadezinha da Emilia e é mãe de um jovem gay, é todavia um pouco diversa. “Meu filho – conta Patrizia – foi discriminado desde pequeníssimo. Na escola elementar chamavam-no de menininha, na média o discriminavam e o insultavam chamando-o de “bicha”. Ele tinha tal pavor dos buliçosos que por anos não foi ao banheiro da escola... Sofria por certo, mas os seus sofrimentos eram também os meus e me recordo de sua tristeza, de sua raiva. Meu marido e eu na verdade havíamos descoberto há tempo quais fossem suas inclinações e, precisamente para pôr fim a equívocos e para ajudá-lo, enfrentei eu o discurso e o impeli a abrir-se... Não foi fácil aceitar. Não. É como se todos os sonhos que fizera sobre o seu futuro “normal” tivessem sido cancelados, jogados fora. Mas, o amor foi mais forte. Por ele comecei a ler, a procurar entender, fui à Agedo, encontrei outros pais de rapazes homossexuais. Foi uma experiência fundamental, porque hoje meu filho vive à luz do sol o seu ser gay e nós estamos serenos. E quando nos apresentar um companheiro, o acolheremos na família”.
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