O PSDB paulista enterrou de vez ontem a possibilidade de o caso Alstom ser investigado na CPI da Eletropaulo, na Assembléia Legislativa de São Paulo. A multinacional francesa é acusada, na França e na Suíça, de pagar propina a servidores e políticos em troca de contratos públicos em estatais de São Paulo durante governos tucanos. A reportagem é de Soraya Aggege e publicada pelo jornal O Globo, 18-06-2008.
Ontem, o PSDB barrou as tentativas da bancada petista de convocação de supostos envolvidos, de documentos e de diligências.
Os deputados tucanos conseguiram também blindar o ex-secretário de Energia David Zylbersztajn. Ele depôs ontem por mais de duas horas à CPI da Eletropaulo, mas pouco falou sobre os contratos das estatais de energia com a Alstom.
— O secretário de Energia não assina contratos. Isso fica no âmbito das próprias empresas estatais. Só soube do caso Alstom pelos jornais — disse Zylbersztajn, quando o deputado petista Enio Tatto conduziu o depoimento para o tema, sob protestos dos tucanos, que têm maioria na Assembléia Legislativa paulista.
Petista chama relator de pára-choque do governo O relator da CPI da Eletropaulo, João Caramez (PSDB), frisou que o objetivo da comissão é apenas o processo de privatização da Eletropaulo e não os contratos assinados pela estatal com a multinacional suspeita. Para os tucanos, o caso Alstom deve continuar sendo investigado apenas pelo Ministério Público e pelas autoridades estrangeiras.
— É obvio que a gente sabe que vossa excelência é um párachoque do governo — reclamou Tatto.
— No PT é diferente porque as coisas acontecem de cima para baixo, partindo sempre da Casa Civil — retrucou Caramez, que deve apresentar o relatório da CPI em duas semanas, sem menção aos contratos da Eletropaulo com as empresas do grupo Alstom.
O presidente da CPI, Antônio Mentor (PT), também tentou em vão aprofundar o interrogatório e aprovar os requerimentos para ampliar as investigações.
No final, após cansativo bate-boca, reclamou que a comissão não cumprirá seus objetivos:
— A CPI não cumpriu sua obrigação constitucional que é de investigar. Lamentavelmente, a base do governo ou derruba pelo quórum, como aconteceu na semana passada, ou vota contrariamente a todos os requerimentos, alegando falta de tempo.
A jornalistas, Zylbersztajn disse que sua convocação foi feita no ano passado, sobre a privatização da Eletropaulo:
— Por respeito à Assembléia, não me furtei a responder a outras questões, até porque se referiam a períodos em que eu não estava mais vinculado ao governo de São Paulo.
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