Duas décadas após a queda do muro de Berlim, a crise financeira global provocou uma corrida às livrarias alemãs pelo clássico “O Capital”, livro de 1867, em que Karl Marx analisa o modo de produção do capitalismo e que serviu de base para a ideologia marxista. Joern Schuetrumpf, responsável pela editora KarlDietz, de Berlim, que edita a obra de Marx, disse ao jornal alemão “Neue Ruhr Zeitung” que as vendas do primeiro volume da obra triplicaram desde o ano passado, chegando a 1.500 exemplares este ano. Para o mês de dezembro, a editora espera um aumento da demanda, considerando que algumas das teorias escritas pelo filósofo — entre as quais aquela que afirma que o capitalismo em excesso acaba por se autodestruir — estão mais atuais do que nunca.
A notícia é dos jornais O Globo e Folha de S. Paulo, 17-10-2008.
O próprio governo alemão pode ter contribuído para o fenômeno de vendas de Marx nas livrarias, já que no fim de setembro o ministro das Finanças alemão, Peer Steinbrueck, declarou ao jornal “Der Spiegel” que “tudo o que está acontecendo mostra que algumas partes da teoria marxista não estavam tão erradas”.
— Todos pensaram que nunca mais haveria demanda pelo “Capital” — disse Schuetrumpf à agência Reuters.
— Até mesmo banqueiros e gerentes estão agora lendo “O Capital” para tentar entender o que eles estão fazendo a nós. Marx está decididamente na moda agora.
O revival do tratado de Marx reflete uma ampla rejeição ao capitalismo por muitas pessoas na ex-Alemanha Oriental, um país comunista até 1989 e agora afetado por alto desemprego e pobreza.
Um mês de intenso caos financeiro atingiu bancos americanos e forçou governos, inclusive o alemão, a adotarem uma série de medidas de resgate, reforçando o sentimento anticapitalista.
Uma pesquisa recente revelou que 52% de alemães orientais acham que a economia do mercado livre é “insustentável” e 43% disseram preferir o socialismo ao capitalismo.
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