A Rússia e a China resolveram definitivamente a questão das fronteiras, refere um comunicado hoje publicado em Moscovo pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia.
Os Ministérios dos Negócios Estrangeiros dos dois países trocaram hoje notas que confirmam a entrada em vigência do Protocolo Adicional de Descrição da Fronteira Estatal Russo-Chinesa na Sua Parte Oriental.
“Este acontecimento conclui o estabelecimento e fixação jurídicos de toda a linha da fronteira russo-chinesa numa extensão de mais de 4.300 quilómetros. A questão fronteiriça, que a Rússia e a China receberam como herança histórica, foi definitiva e completamente resolvida. Os guarda-fronteiras da Rússia e da China começaram já a patrulhar a fronteira estatal fixada”, de acordo com o comunicado.
A cerimónia de entrega dos territórios litigiosos - a ilha de Tarabarova e parte da ilha do Grande Ussuri - pela Rússia à China decorreu hoje nos arredores da cidade russa de Khabarovsk, no Extremo Oriente.
Essas duas parcelas de território, bem como a ilha Grande, no rio Argun, região de Tchita, foram entregues a Pequim em conformidade com o Protocolo Adicional assinado na capital chinesa a 14 de Outubro de 2004.
A cerimónia de hoje teve lugar quatro anos depois da assinatura do referido documento, contribuindo para que o território chinês aumentasse 174 quilómetros quadrados e a China ficasse 50 quilómetros mais perto de Khabarovsk.
Segundo o Kremlin, os territórios entregues à China tinham, na era soviética, grande importância estratégica devido ao perigo de confrontos militares entre soviéticos e chineses.
Actualmente - considerou - a situação mudou radicalmente e a ilha Tarabarova pode passar a chamar-se Dragão de Prata e a parte ocidental da ilha Grande Ussuri, Urso Preto em chinês.
“A solução da questão fronteiriça herdada da história pela Rússia e a China baseia-se nos tratados sino-russos existentes sobre fronteiras, está conforme as normas do Direito Internacional, é o resultado de longas conversações no espírito da igualdade e encarna o alto nível e a especificidade das relações russo-chinesas de interacção e parceria estratégicas”, declarou o representante do MNE da Rússia, Vladimir Maltsev, na cerimónia.
"Esta experiência mostrou à comunidade internacional um exemplo de solução de semelhantes questões por métodos diplomáticos”, disse.
"A fronteira russo-chinesa tornar-se-á uma faixa de paz, amizade e cooperação entre os dois países”, concluiu.
Esta decisão de Moscovo de ceder parte do seu território, por muito reduzida que seja, foi mal recebida por alguns sectores políticos russos que receiam a possibilidade de abrir um precedente perigoso, tendo em conta “os apetites de Pequim”.
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