Participantes do Fórum Social dos Estados Unidos 2010 pediram aos governantes do poderoso Grupo dos 20 (G-20) que analisem com urgência as causas que estão na raiz da crise econômica mundial e ponham fim ao modelo capitalista irresponsável encarnado por Wall Street. O G-20, criado em 1999 em resposta às crises financeiras da década de 90, é a união do Grupo dos Oito (G-8) países mais poderosos do mundo (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Itália, Japão e Rússia), com as grandes economias emergentes e a União Europeia (UE) como bloco.
A reportagem é de Bankole Thompson, da IPS, e publicada pela Agência Envolverde, 28-06-2010.
Os ativistas, que participaram do Fórum Social dos Estados Unidos na semana passada, apresentaram queixas de que as nações mais poderosas marginalizam as demais nos processos de decisão. “O G-20 afirma que sua agenda é reduzida e só se relaciona com questões econômicas e financeiras”, disse Tanya Dawkins, presidente do Grupo de Trabalho Observatório Social sobre o Desenvolvimento, a Economia e as Finanças.
“Mas nossa experiência com a Organização Mundial do Comércio, o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial nos ensinou que a economia e as finanças influem em todos os aspectos da vida e das iniciativas comunitárias e determinam quem come, quem mendiga e quem tem acesso a água, comida e moradia”, afirmou Dawkins.
“O G-20 tem que superar uma grande crise de legitimidade e de falta de democracia. Até que o grupo declare claramente e demonstre que pretende promover o trabalho das Nações Unidas, por definição, está minando o multilateralismo que cada um de seus integrantes prometeu respeitar”, insistiu Dawkins. Esta ativista também tem uma lista de coisas que os governantes do G-20 devem fazer para ajudar os países mais marginalizados. “Uma medida concreta e crível seria adotar e integrar o Conselho de Coordenação Econômica Global, que tem grande apoio, e fortalecer a Organização das Nações Unidas”, explicou.
“Outra medida concreta é garantir seu apoio a mudanças na arquitetura financeira para melhorar as possibilidades dos países cumprirem os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio”, disse Dawkins. “Isso inclui uma responsabilidade especial quanto ao objetivo oito, sobre transferência tecnológica, financeira e de dívida. Também devem comprometer o apoio individual de seus países a uma modesta aplicação em certas transações financeiras que reúna bilhões para ajudar a atender questões de saúde, geração de emprego e muitas outras coisas necessárias no mundo”, acrescentou.
O impacto da crise econômica é sentido em todas as partes, disse Nicola Bullard, do grupo de estudo independente Focus on the Global South, com sede em Bancoc. Desde a crise asiática de 1997, muitos setores pressionam para regularizar e localizar a economia mundial, disse Bullard, que viajou da Austrália até Detroit para participar do Fórum. “Os mercados financeiros e a economia especulativa estavam totalmente distantes da produção, da qual dependiam as pessoas, o que demonstrou que Wall Street fracassou”, afirmou Bullard.
A bancarrota da Grécia expõe a contradição entre ser atraente para outras nações ricas e ter que lidar com a decadente base impositiva, prosseguiu Bullard. “O custo disto recai sobre as pessoas das quais é cobrada a conta, seja na Tailândia, na Grécia ou nos Estados Unidos. Temos que ser realistas sobre o mercado financeiro, onde o dinheiro persegue lucros sem nenhum tipo de consideração”, acrescentou. O Fórum não é um encontro de “um monte de ativistas de esquerda, mas de “pessoas reais que lutam para sobreviver. É tão real que, de fato, temos que nos desfazer de Wall Street. A era do crescimento interminável não é social nem ecologicamente viável”, explicou a ativista.
No contexto da atual crise financeira, não poderia ser mais oportuno organizar o Fórum Social em Detroit, disse o historiador Ron Scott. “Os norte-americanos se dão conta de que quase tudo que acontece com eles tem a ver com as instituições financeiras e com o papel dos bancos na reconstrução ativa das cidades por meio dos lançamentos e das políticas de desinvestimento”, afirmou. “Esta cidade, que soube ter a maior quantidade de proprietários de moradias, se tornou uma metáfora do capitalismo norte-americano”, ressaltou Scott.
As mudanças na arquitetura econômica e financeira mundial devem se basear em formas responsáveis e efetivas de que os cidadãos, a sociedade civil e o governo possam incluir de modo efetivo questões locais nos processos de decisão, regionais, nacionais e internacionais, que afetam a vida cotidiana das pessoas, disse Dawkins.
Uma grande porcaria inventada pelo homem, não produz nada, só gera especulação e crise. Essa grande idiotice denominada bolsa de valores já deveria ter deixado de existir a muito tempo. Há outras formas de capitalização das empresas, sem que se precise criar dinheiro virtual.
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