Resistir Info - 05 jul 10
"Uma das coisas penosas acerca do nosso tempo é que aqueles que sentem certezas são estúpidos, e aqueles com alguma imaginação e entendimento estão cheios de dúvidas e indecisão". Bertrand Russell "A ignorância mais frequentemente provoca a confiança do que o faz o conhecimento". Charles Darwin |
A CBS News , o Christian Science Monitor , a CNN e a Reuters
Na verdade, alguns cientistas nucleares russos, bem como peritos da indústria petrolífera, sugeriram que tal abordagem pararia o jorro de petróleo no Golfo. Aqui está um filme de arquivo dos russos a "matarem" uma fuga de gás com um dispositivo nuclear.
E o secretário da Energia de Obama e vencedor o Prémio Nobel da Física, Steven Chu, inclui o homem que ajudou a desenvolver a primeira bomba de hidrogénio na década de 1950 no grupo de cinco homens encarregados de travar o petróleo.
E o perito da indústria de petróleo Matt Simmons propõe a utilização de um dispositivo nuclear táctico todas as vezes em que é entrevistado na televisão nacional.
Contudo, mesmo a história da utilização com êxito pela Rússia de um dispositivo nuclear para fechar o jorro tem algumas restrições importantes.
Como observa o artigo da Reuters: perguntaram, todos eles, se a BP deveria disparar uma ogiva nuclear no seu furo de petróleo em fuga.
Vladimir Chuprov do escritório de Moscovo do Greenpeace é ainda mais insistente do que a BP em não dar atenção ao conselho dos veteranos físicos soviéticos. Chuprov contesta os relatos dos veteranos de explosões pacíficas e diz que várias fugas de gás reapareceram posteriormente. "O que é louvado como um êxito e um feito pela União Soviética no essencial é uma mentira", diz ele.
[O ex-ministro russo da energia nuclear e antigo físico soviético Viktor] Mikhailov concorda em que a URSS teve de abandonar o seu programa devido aos problemas que apresentou. "Acabei o programa porque sabia quão inútil era tudo aquilo", diz ele com um suspiro. "O material radioactivo ainda estava a emanar através das fendas no chão e a espalhar-se no ar. Não valia a pena".
O Christian Science Monitor destaca:
Anteriormente os russos utilizaram ogivas nucleares pelo menos cinco vezes para extinguir incêndios em furos. ... O Komsomoloskaya Pravda sugeriu que os Estados Unidos poderiam também arriscar-se com um ogiva, baseado no histórico da taxa de falha de 20%. Ainda assim, a experiência soviética com o disparo subterrâneo de uma ogiva nuclear em furos de gás podia demonstrar-se mais fácil em retrospectiva do que tentar selar o desastre com o furo de petróleo no Golfo do México que teve lugar 5.000 pés [1.524 m] abaixo da superfície. Os russos estavam a utilizar ogivas para extinguir incêndios em furos de gás em campos de gás natural, não a selar furos de petróleo que jorravam líquido, de modo que há grandes diferenças e este método nunca foi testado em tais condições.
O artigo da CBS New destaca que nem todas as ogivas nucleares russas funcionaram:
Mas nem todos os casos de utilização de energia nuclear tiveram o resultado desejado. Uma carga de 4 kilotoneladas posta na região de Kharkov da Rússia falhou em travar uma fuga de gás. "A explosão foi misteriosamente deixada à superfície, formando uma nuvem em cogumelo", relatou o jornal.
Na verdade, vários peritos disseram que disparar uma ogiva nuclear no furo pode piorar a situação.
O artigo da Reuters nota:
Há uma probabilidade de que qualquer explosão possa fracturar o leito do mar e provocar um jorro subterrâneo, segundo Andy Radford, engenheiro de petróleo e conselheiro do American Petroleum Institute sobre questões offshore.
A reportagem da CNN nota ser concebível que o disparo da ogiva no furo em fuga desestabiliza outros furos de petróleo a quilómetros de distância.
O New York Times escreve :
Governo e peritos nucleares privados concordam em que utilizar uma bomba nuclear seria ... tecnicamente arriscado, com consequências da radiação desconhecidas e possivelmente desastrosas ...
Um cientista senior de Los Alamos, a falar na condição de anonimato porque os seus comentários não foram autorizados, ridicularizou a ideia de utilizar uma explosão nuclear para resolver a crise no golfo.
"Isso não está em vias de acontecer", disse ele. "Tecnicamente, seria explorar novo terreno em meio a um desastre — e você pode torná-lo pior".
E um dos físicos de topo do mundo – o teórico das cordas Michio Kaku – escreve :
Penso que isto é uma ideia má, do ponto de vista da física. Deixe-me dizer que o meu mentor quando estava na faculdade e em Harvard, Edward Teller, pai da bomba H, era um firme advogado da utilização de armas nucleares para escavar canais e outros grandes projectos de engenharia.
Debaixo do chão, temos então uma cavidade esférica de gás vaporizado, com paredes que foram vitrificadas a partir da areia. Esta cavidade esférica é estável durante umas poucas horas ou uns poucos dias, mas finalmente o peso da rocha leva a esfera ao colapso. O resultado é um colapso súbito da esfera, muitas vezes libertando gás radioactivo para o ambiente.
Se isto se verificar sob o leito do mar (o que nunca foi feito antes), haverá complicações. Primeiro, haveria a libertação de produtos químicos perigosos e solúveis em água tais como iodo radioactivo, estrôncio e césio, os quais contaminariam a cadeia alimentar no Golfo. Segundo, o "selo" criado pela areia vitrificada provavelmente seria instável. E terceiro, pode realmente tornar o problema pior, criando muitas mini fugas no leito do oceano. Determinar o efeito preciso de semelhante explosão debaixo da água dependeria de cruciais simulações em computador das várias camadas de rocha sob o leito do oceano, as quais nunca foram feitas antes.
Por outras palavras, isto seria um enorme experimento científico, com consequências inesperadas. Além disso, com a estação de furacões sobre nós, e previsões de oito ou mais furacões nesta estação, significa que a água do mar várias centenas de pés abaixo da superfície da água podia ser agitada e então depositada a Sul. Esta água do mar, contendo óleos e produtos radioactivos da cisão, ampliaria o problema ambiental.
Em suma, não é uma boa ideia utilizar ogivas nucleares para selar fugas de petróleo.
Além disso, o presidente Bill Clinton disse domingo à CNN (começa às 03h13 no vídeo) que havia examinado a questão e que uma ogiva nuclear não é necessária. Ele disse que a Armada pode utilizar explosivos convencionais para selar o furo. Como antigo comandante-em-chefe, provavelmente Clinton está a obter tal informação de alguém muito alto na Armada.
Para mais sobre a opção nuclear, ver isto .
O original encontra-se em http://www.washingtonsblog.com/
e em http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=20003
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