darussia.blogspot.com - Terça-feira, Outubro 12, 2010
A decisão de Tbilissi de abolir vistos de entrada para os cidadãos russos residentes nas repúblicas do Cáucaso do Norte russo é uma provocação georgiana, declarou hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia.
“Não recebemos ainda nenhuma confirmação oficial dessa decisão, mas, segundo o que se pode ler na imprensa, parece tratar-se mais de uma nova iniciativa propagandística”, acrescentou Serguei Lavrov.
A vice-ministra dos Negócios Estrangeiros da Geórgia, Nino Kalandadzé, anunciou, na segunda-feira, que a Geórgia vai suprimir os vistos para os habitantes das repúblicas do Daguestão, Chechénia, Inguchétia, Ossétia do Norte, Cabardino-Balkária, Karatchaievo-Tcherkésia e Adigueia.
Em conformidade com um documento que entrará em vigor nas próximas duas semanas, os habitantes desses repúblicas do Norte do Cáucaso serão autorizados a passar 30 dias na Geórgia sem visto.
Atualmente, os habitantes dessas regiões devem obter um visto junto da Embaixada da Suíça em Moscovo para entrar na Geórgia.
O Ministério do Interior da Rússia tem vindo a acusar a Geórgia de albergar bases de terroristas que lutam pela separação do Cáucaso do Norte em relação à Rússia.
“Semelhante decisão é avaliada como completo delírio e total estupidez da parte das autoridades georgianas, parecendo visar um objetivo: facilitar os contatos entre os bandos de terroristas no Cáucaso do Norte e os bandos e autoridades georgianas”, comentou o senador Alexandre Torchin, membro do Comité Antiterrorista Nacional da Rússia.
A 26 de Agosto de 2008, tropas russas entraram em território georgiano a pretexto de defender a integridade dos seus cidadãos na Ossétia do Norte. Depois da derrota das tropas de Tbilissi, Moscovo reconheceu a independência dessa parte do território da Ossétia do Sul e da Abkházia.
A Geórgia respondeu rompendo com as relações diplomáticas com a Rússia.
As conversações sobre a estabilização no Cáucaso, que se têm vindo a realizar em Genebra entre a Rússia e a Geórgia entraram num beco sem saída. Moscovo quer que Tbilissi comece o diálogo sem que seja discutida a questão da independência da Osséria do Sul e da Abkhásia, mas os georgianos recusam-se.
Nesta situação, as partes do conflito recorrem a outros métodos para resolver os seus problemas, mas podem provocar problemas ainda maiores.
As autoridades georgianas sabem que podem prejudicar a Rússia no seu "tendão de Aquiles", ou seja, no Cáucaso do Norte, deixando que o seu território existam bases de apoio aos separatistas islâmicos que combatem contra as tropas russas nessa região.
Se tal informação se vier a confirmar, significa que Moscovo não controla completamente a sua fronteira no Cáucaso do Norte e que armas, explosivos e homens continuarão a entrar na região.
Por outro lado, repito: se tal informação vier a confirmar-se, as consequências para a Geórgia poderão ser bastante más. É que os separatistas islâmicos que combatem contra a Rússia não são "pêra doce", a sua ideologia e métodos radicais de actuação são bem conhecidos e o alastramento do conflito nada promete de bom também aos georgianos.
Autoridades russas e georgianas repetem a triste experiência do Afeganistão. Recordo: tropas soviéticas invadiram esse país em 1979; Estados Unidos e companhia criaram os talibans e os resultados estão à vista.
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