Enviado por luisnassif, sex, 03/08/2012 - 08:00
Coluna Econômica
Nas próximas décadas, um dos pontos centrais do desenvolvimento
brasileiro serão os investimentos em infraestrutura e, especialmente, os
chamados gargalos do setor.
Este é um dos grandes paradoxos do financismo primário que acometeu a
análise macroeconômica brasileira nas últimas décadas. Colocavam-se os
gargalos como impeditivos do crescimento.
Ora, a fase inicial de todo processo de crescimento é o gargalo, isto
é, a demanda não atendida. Havendo demanda, viabiliza-se o
investimento, o plano de negócios.
Décadas de carência de investimento, especialmente em infraestrutura,
e expansão do mercado de consumo e do desenvolvimento regional, criaram
inúmeros gargalos. O desafio – mais fácil – é o de viabilizar os
investimentos.
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Hoje em dia, existem concretamente os dois pilares de investimento:
demanda reprimida e disponibilidade de poupança interna e externa.
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Os grandes financiadores de infraestrutura são os fundos de pensão.
São investidores de longo prazo e interessados em aplicações de retorno
garantido – por isso mesmo, com taxas de retorno módicos.
A política monetária colocada em prática pelo FED e Banco Central
Europeu trouxeram os juros para níveis abaixo da taxa atuarial (a que
garante os benefícios futuros) de 6% ao ano.
Nos Estados Unidos, houve uma revisão da legislação, flexibilizando
as aplicações no exterior. Há pelo menos US$ 5 trilhões atrás de novas
oportunidades de investimento.
No Brasil, a própria redução da relação dívida/PIB deverá liberar
pelo menos R$ 50 bilhões nos próximos anos, apenas da não rolagem da
dívida pública detida pela indústria de fundos de pensão.
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O país já domina dois passos intermediários para esse movimento.
O primeiro, a metodologia dos planos de negócio. O segundo, o
controle de ferramentas jurídicas adequadas de participação desses
fundos nos investimentos em infraestrutura, em concessões ou parcerias
público-privadas.
E aí, o próprio governo federal precisaria montar uma estrutura mais
azeitada de captação de fundos internacionais e internos, sem
necessariamente passar pela intermediação dos bancos de investimentos
internacionais – que perderam a confiança dos investidores após a grande
crise de 2008.
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São caminhos que já foram aplainados nas últimas décadas.
O país já dispõe de ampla tecnologia de formatação de planos de
negócio, ferramentas jurídicas, conhecimento técnico. Já tem uma
carteira de concessões e projetos em várias áreas. O mercado de capitais
também evoluiu enormemente nas últimas décadas, exigindo uma nova
governança das empresas e maior segurança aos investimentos.
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Mas ainda não amarrou uma política industrial sincronizada com o
momento. A consequência é a concentração de projetos em mãos de poucas
empreiteiras e empresas de engenharia. E ainda falta um upgrade nas
agências reguladoras, ponto fundamental na montagem de uma política
eficaz de concessão e de parcerias público-privadas.
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Em suma, tem-se à mão todos os ingredientes para uma explosão dos
investimentos em infraestrutura nas próximas décadas. Falta apenas
azeitar a montagem de projetos.
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