recebido por e-mail - 30 julho 2012
Como sua
opinião “A herança da ditadura nos quartéis” foi publicada em “O GLOBO” e
na Internet em 19 de julho de 2012, e como o jornal não aceitaria termos
politicamente incorretos que vou usar, estou me valendo só da Internet.
Como se trata da sua opinião, resolvi responder-lhe com a minha,
apenas, minha opinião.
Sr.
Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Secção do Rio de
Janeiro.
Se o
senhor ficou estarrecido, e outras pessoas, como você diz, com o refrão
repetido pelos soldados em exercício de corrida pela via pública, é porque
não conhecem nada da rotina militar em tempo de paz.
Os
cânticos e refrãos (se aceita “refrães”) para marcha e corrida são uma das
mais antigas tradições militares mundiais, existindo uns para o “passo
ordinário” (a marcha comum) e outros para o “passo acelerado”. E o
instrutor da tropa não “retruca”, como você diz. O instrutor responde ou
motiva. Não é o caso de um instrutor “retrucar”.
Associar o refrão cantado pelos
soldados a um determinado quartel do Exército, sem apresentar qualquer
prova de que os soldados tivessem alguma coisa a ver com a instalação
citada em seu artigo, deixa-nos todos no campo do “ouvir dizer”.
Pois
é. O fato, quando chegou a seus ouvidos, serviu-lhe como uma luva
ideológica. Ora vejam! O presidente de uma entidade de classe
atacando uma instituição tida como permanente pela Constituição
Brasileira.
Aproveitar-se da oportunidade que um
conceituadíssimo jornal lhe oferece para difundir ideias denegridoras, não
é algo que deva se permitir um presidente de entidade de classe, nem ver
segundas intenções num refrão que nada tem de conspirativo. Esses refrãos
muitas vezes já são de há anos conhecidos ou são adaptações de outros, ou
se pede para os soldados comporem os próprios, para seus pelotões. Nem
usar isso como argumento para a dita “Justiça de Transição”, que poucos
brasileiros sabem o que é. Eu, por exemplo, entendo que a justiça de
transição é uma forma de violentar, aos pouquinhos, com “jeitinho”, como
se não o percebêssemos... – as instituições militares permanentes, que
combateram a subversão e o terrorismo e venceram àqueles que queriam
implantar o comunismo no Brasil.
No
dizer de suas próprias palavras, “As Forças Armadas são uma instituição
nacional, devendo servir para defender o país contra agressões externas;
e, no plano interno, garantir a ordem democrática e o estado de
direito". E não foi isso que as Forças Armadas fizeram em março de
1964, a fim de que fosse garantida a ordem democrática, tendo em vista a
quebra do estado de direito que estava sendo gestada dentro do próprio
governo, com a subversão da ordem e a implantação de um regime
socialista/comunista? Lembra-se do dizer de Prestes : “...já temos o
governo, só nos falta o poder...”, ou, ainda “...já temos o poder, só nos
falta exercê-lo...
Quanto ao Presidente Emílio
Garrastazu Médici ter sido recentemente paraninfo de uma turma de oficiais
do Exército, eu – falo por mim - que sou de outra turma, acho que foi uma
belíssima escolha. Afinal, foi Médici quem pegou o “pião na unha” e
derrotou a subversão e, ainda mais, há quem diga, com muito bons
argumentos, que se ele tivesse sido candidato a eleição direta para
presidente da república naquela época, teria sido eleito com facilidade,
tal a admiração que tinha da massa (a boa massa, é claro. Não essa
manipulável).
Comparar o Direito Brasileiro com
os direitos de cada um dos países vizinhos? Tem gente que não vai gostar.
Creio não se tratar de uma boa comparação. É a minha opinião, por favor
aceite que posso externa-la. Quem conhece um pouco da história,
saberia que os brasileiros pensam diferentemente de seus irmãos
sul-americanos. A tal da “hispanidad” que vem da formação histórica de
nossos vizinhos de colonização espanhola, é um exemplo de como somos
diferentes.
Sobre
os arquivos ou decretos secretos do regime militar saiba que eles são
muito bem conhecidos... por quem a eles deve ter acesso, não a qualquer
um. E, depois de muitas negaceadas, quem acabou proibindo o acesso a mais
documentos desse tipo foi o próprio poder executivo, com o apoio de
ex-presidentes que teriam algo o que perder, se os documentos viessem à
tona. Não seria o caso de se retomar essa questão com a ajuda da
OAB-Rio?
Ao
contrário do opinado por esse presidente de entidade, não há nada fora dos
eixos no Exército nem na formação de seus oficiais e soldados. Sabemos
fazer isso muito bem. Muitas vezes outras instituições nacionais vieram
até o Exército para aprender como é que atua o ensino militar. Sugeriria a
V. Sa. que estudasse o que a ONU pensa de nossos militares. Verá que somos
considerados muito bem preparados. O que nos atrapalha é essa canalha
movida à ideologia e a dinheiro, que nos arrosta diuturnamente, querendo
que mudemos o foco na nossa Academia Militar e tenhamos – no final – uma
tropa de “cordeirinhos” e não de leões.
Nos
objetivos da Comissão da Verdade, que li e reli, não me pareceu que ela
tivesse sido criada para imiscuir-se na condução das Forças Armadas. Qual
seria a sua opinião se os militares deitassem falação sobre como devem ser
formados os advogados no Brasil? Qual seria sua reação se os militares
viessem a público opinar sobre a conveniência ou não da existência do
“Exame da Ordem”?
Agora
o senhor entendeu, não é mesmo, senhor doutor advogado, a provocação que
lhe fiz? Um militar da Reserva falando de coisas da advocacia. Que é isso?
Pois não é bem o que o senhor fez em seu artigo? Um advogado querendo dar
lições aos militares sobre como preparar os seus recursos humanos?
Regra
básica do Direito que qualquer soldado aprende no quartel é aquela que
diz: “decisão da justiça não se discute, cumpre-se...” Qualquer soldado
sabe disso, principalmente quando volta do “Capa Preta” (justiça militar).
Mas essa lição o senhor, com toda a sua arrogância de presidente de
entidade de classe, parece não ter aprendido, pois, ao emitir sua opinião,
desacredita até uma decisão do Supremo Tribunal Federal a respeito da Lei
da Anistia. O senhor acha que os militares não percebem, mas nesse seu
texto fica nítida a “campanha” para – mais adiante – reformar aquela lei.
É o que eu disse anteriormente: “vão nos botando, devagarinho...”
Em
outras palavras, fica proposto um questionamento seu: Quem é que vai
educar os militares?
O
senhor acha que está falando com crianças? Com que autoridade moral fala
assim para com os militares? Quem lhe reveste de autoridade para falar em
nome da sociedade brasileira? Você pode – quando muito – estar falando
pela sua entidade profissional e se, por isso, o senhor goza de alguma
regalia constitucional, os militares tem, também na Constituição, a
prerrogativa de constituírem uma Instituição Permanente, com base na
hierarquia e na disciplina. Entenda-se bem: disciplina...e não
subserviência! Os que pensam que essa guerra ideológica está ganha,
lembrem-se de um conhecido preceito militar: não convém espezinhar o
adversário tido como vencido.
Ao
final, quanto à “...a formação dos militares [...] não deve(r) ser
monopólio de viúvas de uma era tenebrosa que os brasileiros não querem
mais de volta’, respondo. Foram essas “viúvas” que impediram que hoje
fôssemos um país comunista. Admita. Seus próprios companheiros de
ideologia já o admitiram. Veja o que diz Aarão Reis Filho, ex-integrante
da organização subversivo-terrorista denominada Movimento Revolucionário 8
de Outubro (MR-8), hoje professor universitário, em seu livro a Revolução
Faltou ao Encontro: “As esquerdas radicais se
lançaram na luta contra a ditadura, não porque a gente queria uma
democracia, mas para instaurar o socialismo no País, por meio de uma
ditadura revolucionária, como existia na China e em Cuba. Mas,
evidentemente, elas falavam em resistência, palavra muito mais simpática,
mobilizadora, aglutinadora. Isso é um ensinamento que vem dos clássicos
sobre a guerra.”
Não é
preciso se reformar e adequar as Forças Armadas à democracia. No dizer de
um amigo, as Forças Armadas sabem que não podem ter estatura maior que a
do País a que servem. A menos que, por “reformar” se possa entender
reaparelhar e por “adequar” se entenda adequar os salários. Quem sabe se
possa – no que diz respeito ao salário dos militares – finalmente cumprir
o que diz a Lei? Se não nos atrapalharem, é claro...
“Não
chores meu filho...
Não
chores que a vida...
É
luta renhida que aos fracos abate...
E
aos bravos e aos fortes só faz exaltar!!!
(Refrão
adaptado por um tenente dos versos de I-Juca-Pirama, de Gonçalves
Dias, cantado nos momentos mais difíceis da vida militar)
Jorge
Alberto Forrer Garcia – Coronel Reformado
Curitiba/PR
– 23 Jul 12
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