Quase 15 anos depois da criação do Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta), vários segmentos da sociedade americana reconhecem que o aumento do comércio não foi suficiente para criar melhores condições de vida entre os mexicanos e, portanto, não conseguiu frear a imigração ilegal. A reportagem é do jornal O Estado de S. Paulo, 26-02-2007.
O resultado é um clima de tensão social e uma proliferação de iniciativas para simplesmente fechar a fronteira aos imigrantes ilegais, dois terços deles mexicanos. Na cidade de Escondido, na Califórnia, vereadores tentam aprovar uma lei que proibirá imobiliárias ou qualquer proprietário de alugar casa para um imigrante ilegal.
Para o diretor da Câmara de Comércio de San Diego, James Clarke, o que boa parte da população americana não percebe é que a economia dos EUA depende desses imigrantes. 'A maioria vai para a colheita e ajuda a transformar a agricultura da Califórnia em uma das mais competitivas do mundo. Se tivessem de pagar salários mais altos, muitos fazendeiros quebrariam', disse Clarke.
Segundo ele, os dados mostram que os mexicanos não roubam empregos dos americanos. 'San Diego tem um dos índices de desemprego mais baixos do país.' Os hispânicos movimentam US$ 890 bilhões por ano e representam 13,8% da mão-de-obra nos EUA.
Para James Gerber, diretor do Centro de Estudos Latino-Americanos da Universidade de San Diego, a política adotada nos EUA e no México 'fracassaram' em lidar com o fluxo de pessoas: 'Nos anos 90, quando o Nafta foi criado, a promessa era de um aumento de empresas americanas instaladas no México. Isso de fato ocorreu, mas os salários não aumentaram e essas mesmas empresas já deixaram o México nos últimos anos e se deslocaram para a China.'
Dados oficiais mexicanos confirmam essa tendência. O número de empregos aumentou de 3 milhões em 1995 para 4 milhões entre 1995 e 2000. Mas, desde então, já caiu para 3,5 milhões. Os salários por hora no México caíram 14% entre 1994 e 2005, e aumentaram na mesma proporção nos EUA. Para completar, os agricultores mexicanos passaram a sofrer com a concorrência da produção americana, altamente subsidiada.
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