Nas mãos do Estado até o início da década de 90, o sistema energético argentino está hoje em grande parte controlado por multinacionais do setor. A reportagem é do jornal Folha de S. Paulo, 13-07-2007.
Na produção de gás e petróleo, a YPF, antiga estatal monopolista e hoje propriedade da espanhola Repsol, mantém a liderança. Em 2006, produziu 42% do petróleo e 29% do gás argentinos.
Atualmente, a Repsol negocia com o empresário argentino Enrique Eskenazi, dono do Banco Santa Cruz e próximo ao presidente Kirchner, a venda de 25% das suas ações.
A Petrobras aparece entre as cinco líderes nos dois setores. Na produção de petróleo, foi a terceira em 2006, com 21%, atrás da Pan American Energy, empresa controlada pela British Petroleum (23,8%). No gás, com 9,4%, foi a quarta maior produtora, atrás, além da YPF e da Pan American, da Total Austral (do conglomerado francês Total), segunda maior produtora com 24,5%.
A distribuição de gás, antes monopólio da Gas del Estado, está hoje a cargo de nove empresas diferentes, todas elas privadas. A Metrogas, maior do país, é controlada pela britânica BG Group e pela Repsol-YPF. Também controlam empresas do setor a espanhola Gas Natural, a francesa Gaz de France e a italiana Camuzzi.
O Estado, porém, mantém seu controle, pois cabe a ele outorgar as concessões para as explorações de bacias de petróleo e poços de gás no país. Também tem o poder de aplicar às companhias a Lei do Abastecimento, de 1974, que as obriga a suprir o mercado e que já foi usada neste ano contra a Shell.
Além das produtoras e das distribuidoras, também são privadas as transportadoras, que levam o gás por gasodutos. As principais são a TGS (Transportadora Gás do Sul), controlada pela Petrobras, e a TGN (Transportadora Gás do Norte), controlada pelos grupos Total e Techint.
Eletricidade
O setor elétrico ainda tem resquícios dos tempos de antes da privatização. A terceira e a quarta maiores distribuidoras do país estão nas mãos dos governos das Províncias de Santa Fé e Córdoba.
As duas maiores, porém, Edenor e Edesur, são controladas pela espanhola Endesa, a primeira em sociedade com a francesa EdF e a segunda com a Petrobras como minoritária. Juntas, Edenor e Edesur atendem 42,8% dos clientes do mercado elétrico argentino.
Além da participação na Edesur, a Petrobras possui duas usinas de geração de eletricidade (uma termelétrica e uma hidrelétrica) e controla os principais sistemas de transmissão, o Transener e o Transba.
Em matéria de geração, a mais presente é a AES - que, no Brasil, controla a Eletropaulo, entre outras- com oito usinas, entre termelétricas e hidrelétricas. A empresa atua na distribuição, com duas empresas que detêm 4,28% do mercado.
O governo federal mantém sob seu controle somente as hidrelétricas de Salto Grande e Yacyretá (um empreendimento binacional com o Paraguai) e as centrais nucleares de Embalse e Atucha 1.
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