O setor de telefonia vive hoje as conseqüências de um problema congênito. O modelo das telecomunicações segue o desenho rascunhado na origem do processo de privatização do setor, há nove anos. Marcada por tropeços, a venda fatiada do Sistema Telebrás, em 12 leilões, esbarrou em algumas controvérsias. A principal delas foi a Tele Norte Leste, que depois virou Telemar e, mais recentemente, Oi. É ela a base para a formação de um grupo nacional de telefonia, como quer o governo, na fusão com a BrT. A reportagem é de Irany Tereza e publicada no jornal O Estado de S. Paulo, 2-08-2007.
Pela regra adotada na privatização das teles, o consórcio que ganhasse o leilão de uma operadora fixa se desclassificaria automaticamente para os demais. Eram quatro as fixas e a Embratel foi a primeira a ser leiloada. A Tele Norte Leste foi a última a receber lances, quando vários candidatos já estavam impedidos de participar da disputa. Venceu o consórcio Telemar, que teve formação concluída às vésperas do leilão.
O grupo, constituído por La Fonte, Inepar, Andrade Gutierrez e Macal, foi um capítulo à parte no processo de privatização. O então ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros, chegou a classificar o consórcio de “telegangue” e “rataiada”. A história teve lances policialescos, com a contratação de escutas telefônicas que captaram conversas reservadas de membros do governo.
Como não tivesse dinheiro suficiente para honrar o depósito inicial que consolidaria a compra, o grupo foi socorrido às pressas, ganhando a adesão de fundos de pensão estatais (Previ, Petros e Funcef), sob a gestão do banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity. Teve também o reforço do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que entrou com participação de 25%. Até hoje, a empresa de participações do banco estatal, BNDESPar, tem 25% do bloco da TmarPart, controladora do Grupo Oi.
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