O acesso à coleta e tratamento de esgoto no Brasil cresce 0,4% ao ano desde 1992, abaixo do necessário para reduzir o déficit de 53,2% no atendimento, segundo análise do economista Marcelo Neri, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), com base na Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios (PNAD), do Instituto Brasileiros de Geografia e Estatística (IBGE). "Com esse ritmo, precisaríamos de 56,5 anos para reduzir o déficit à metade", diz Neri. A reportagem é de Samantha Maia e publicada pelo jornal Valor, 3-10-2007.
A evolução do atendimento anda a passos mais lentos no campo. Em 2006, 2,9% dos habitantes da zona rural tinham acesso à rede de esgoto, frente a 2,4% em 1992. Nas cidades, a expansão do atendimento foi maior, passando de 40% para 49%. É possível que esse desempenho tenha sido puxado pela melhoria de acesso nas favelas, locais onde o atendimento saltou de 25,6%, em 1992, para 46%, em 2006, próximo à média das demais moradias, de 46,8%.
Os dados da PNAD mostram que 46,8% dos brasileiros estão ligados à rede de esgoto. O Sudeste é a única região com a maioria da população atendida, 75,6%. O maior salto de acesso nos últimos 14 anos, porém, foi do Nordeste, que passou de 12% para 26,3%. A região foi também a que mais recebeu investimentos federais no setor de 2003 a 2006. De acordo com o Ministério das Cidades, foram investidos R$ 2 bilhões no período, cerca de R$ 10,83 por pessoa. Dessa forma, ela conseguiu por pouco superar o Sul no ranking de atendimentos. Em 1992, o Sul tinha 13,5% da população atendida e hoje o índice é de 25,8%. De 2003 a 2006, a média per capita de investimento em saneamento dessa região com recursos federais foi de R$ 7,07.
Nenhum comentário:
Postar um comentário