A dívida pública interna em títulos subiu 0,63% em março e atingiu a marca de R$ 1,25 trilhão, de acordo com dados do Tesouro Nacional divulgados ontem. A alta ocorreu por causa do pagamento de juros, que no mês passado, ainda antes da alta na taxa básica promovida pelo Comitê de Polícia Monetária (Copom) do Banco Central, somou R$ 12,56 bilhões. A reportagem é de Fabio Graner e Renata Veríssimo e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 25-04-2008.
A conta de juros resultou na elevação da dívida mesmo com o Tesouro tendo feito um resgate líquido - vencimentos maiores que ofertas de novos títulos em mercado - de R$ 5 bilhões.
Apesar da alta no estoque, um destaque da dívida em março foi a forte queda na participação de títulos vinculados à taxa Selic, que caiu de 34,4% do total da dívida interna em fevereiro para 33,3%.
Esses papéis são considerados pelo Tesouro de pior qualidade porque têm maior grau de imprevisibilidade. Mas, em períodos de elevação da taxa básica de juros, costumam ter maior demanda dos investidores, pois seu rendimento sobe junto com a taxa Selic.
Segundo o coordenador-geral de operações da dívida pública, Guilherme Pedras, a redução da parcela vinculada à Selic ocorreu porque houve uma grande concentração de vencimentos no mês.
Enquanto os títulos pós-fixados perderam espaço na dívida, os prefixados (cuja taxa é definida na hora do leilão) e atrelados à inflação ganharam terreno.
O primeiro grupo subiu de 35,7% para 36,3% e o segundo, de 26,9% para 27,4%. Esses papéis são considerados de melhor qualidade, pois conferem ao Tesouro maior previsibilidade de desembolsos.
Pedras negou que a instituição do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre investimentos estrangeiros em títulos públicos esteja reduzindo a demanda pelos papéis do governo, já que o perfil do investidor estrangeiro seria mais voltado para o longo prazo, diluindo o efeito da taxação.
Apesar do discurso contemporizador de Pedras, a medida do IOF desagradou e foi vista como uma decisão que só trouxe prejuízos à administração da dívida, encarecendo o custo de emissão dos papéis do governo, tanto de curto como de longo prazo.
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