A crise de Darfur, região ocidental do Sudão assolada pela violência desde 2003, não reflui. Ao contrário, piora. A ONU elevou para 300 mil o número total de mortos no conflito – o balanço anterior, de 2006, fixava esse número em 200 mil –, os desdobramentos da missão de paz das Nações Unidas empacaram e a FAO irá reduzir a alimentação para os refugiados devido ao aumento da insegurança. As informações são de reportagem do El País, 24/04/2008. A tradução é do Cepat.
O novo cálculo da ONU sobre vítimas nesta região semidesértica do tamanho da França é, no entanto, pouco científico. A base é a estimativa feita em 2006 pela Organização Mundial da Saúde (OMS). “A cifra de 2006 teria que ser muito mais alta agora; talvez aproximadamente 50% maior”, sustenta John Holmes, coordenador para Assuntos Humanitários da ONU, que admitiu não dispor de nenhum estudo novo.
O embaixador do Sudão no ONU bradou aos céus e exclamou que estas cifras “não ajudam [a resolver o conflito], não são corretas nem confiáveis”. Segundo o Governo sudanês, a cifra de mortos diretos do conflito passou no último ano de nove mil para dez mil. A estimativa da ONU inclui também as mortes indiretas em decorrência da penúria das condições de vida na região: 2,5 milhões – mais de 40% da população de Darfur – vivem em condições extremamente precárias nos campos de refugiados.
A missão de paz conjunta entre a ONU e a União Africana, que foi aceita por Cartum [capital do Sudão] no ano passado, está prestes a se converter num fiasco. Apenas nove mil dos 26 mil soldados previstos foram deslocados para o que deveria ser a maior missão de paz do mundo com a participação da ONU. E o que é pior: os instrumentos logísticos indispensáveis para a missão, como helicópteros com capacidade para atirar, não chegam.
Dessa vez, a culpa pela situação não é de Cartum, segundo admitiu o enviado da ONU para a região, Rudolph Adada, ao denunciar a falta de interesse da comunidade internacional pela missão.
Além disso, a ONU irá reduzir quase pela metade as rações para os refugiados devido às dificuldades de distribuição; 60 veículos da FAO foram seqüestrados desde dezembro passado e 26 motoristas – a grande maioria, locais – estão desaparecidos.
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