Uma empresa de chassis de Caxias do Sul, na Serra gaúcha, é a responsável pelo primeiro protótipo de um veículo movido a hidrogênio no país. O ônibus que está em fase final de testes vai circular em São Paulo a partir de novembro. A reportagem é de Paula Cassandra e publicada pela Agência de Notícias Chasque, 11-08-2008.
O professor da Faculdade de Química da Pontifícia Universidade Católica (PUC-RS), Marcus Seferin, aponta que o hidrogênio é uma alternativa para os combustíveis fósseis, porque os carros não emitem os gases de efeito estufa.
“O veículo a hidrogênio não emite gás de efeito estufa porque a energia do veículo vem de uma reação química onde se forma água. Os combustíveis fósseis têm uma reação química onde se forma dióxido de carbono e esse é um gás que aumenta o efeito estufa”, diz.
Enquanto os veículos movidos a hidrogênio em outros países são comuns, como na Inglaterra, Seferin afirma que o Brasil engatinha na tecnologia. Devido à dificuldade em armazenar o gás, a produção brasileira é baixa.
No entanto, para Seferin, o aumento da produção é uma questão de tempo, já que o Brasil é abundante em matéria-prima, como carvão mineral e aterros sanitários.
Já a ambientalista e coordenadora do Núcleo Amigos da Terra, Lúcia Ortiz, alerta sobre o uso do hidrogênio. Com o gás, os carros deixam de poluir o meio ambiente. No entanto, nada vai adiantar se o hidrogênio for produzido a partir da queima de combustíveis fósseis, processo que causa o efeito estufa.
"Muitos cientistas dizem que são necessárias quantidades muito grandes de energia para que se possa obter as moléculas de hidrogênio e, muitas vezes, esse hidrogênio vem de fontes fósseis também, como o próprio petróleo, ou gás natural, e principalmente o carvão mineral, onde o hidrogênio é separado desse combustível fóssil, mas nesse processo, se geram também tanto o gás de efeito estufa, quanto poluentes para a atmosfera”, diz.
Além disso, Lúcia afirma que são urgentes políticas públicas que conscientizem a população da necessidade de diminuir a demanda pelos veículos motorizados.
“Mas em curto prazo é necessário que se tomem medidas muito mais urgentes, de privilegiar o transporte não motorizado, a qualidade do transporte público, que permita uma mobilidade mais eficiente e menos demandante em energia pelas pessoas, moradores da cidade”, diz.
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