Um estudo internacional apontou o nível de oxigênio da Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul, como um dos seis mais preocupantes do Brasil. No país, estão incluídas na mesma classificação a Baía de Guanabara e a Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro; a Bacia do Pino, em Recife; a Lagoa da Conceição, em Florianópolis; e a Lagoa de Imboassica, em Macaé (RJ). A reportagem é do jornal Zero Hora, 16-08-2008.
O trabalho, desenvolvido por pesquisadores do Instituto Virgínia de Ciência Marinha (EUA) e da Universidade de Gothenburg (Suécia), foi publicado ontem na revista norte-americana Science, uma das publicações científicas mais respeitadas do mundo.
Em parte da lagoa, segundo o estudo, a quantidade de oxigênio é inferior a 0,2 ml por litro de água, situação conhecida como hipóxia ou zona morta. De acordo com o biólogo Albano Schwarzbold, doutor em ecologia aquática e professor do Departamento de Ecologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o baixo nível de oxigênio na Lagoa dos Patos se concentra no Saco da Mangueira, localizado entre a área urbana de Rio Grande e o pólo industrial.
Especialista culpa esgoto por poluição
A situação, segundo o especialista, decorre da grande concentração de esgoto doméstico e industrial lançado sem tratamento no local, o que faz aumentar a necessidade de oxigênio para decompor a matéria orgânica. Com a redução do índice de oxigênio na água, o ecossistema aquático fica mais suscetível a mortandades de peixes.
De forma geral, a maioria dos processos de hipóxia em regiões costeiras são provocados pelo homem. A poluição das águas gera a proliferação de bactérias, que consomem o oxigênio. Em lugares de grande extensão geográfica, como a Baía de Guanabara, por exemplo, a hipóxia costuma permanecer restrita ao fundo da baía, distante da abertura para o oceano.
Nas últimas décadas, a quantidade de zonas mortas duplicou no mundo, chegando a 400 ecossistemas costeiros marinhos afetados. As regiões atingidas de forma mais crítica se encontram no norte da Europa e nos Estados Unidos, segundo o estudo da revista Science. A expectativa é de que o volume de zonas mortas aumente a partir das próximas pesquisas, quando serão incorporados dados de países com grande extensão territorial, como China e Índia.
O coordenador do curso de Oceanografia da Fundação Universidade Federal do Rio Grande (Furg), Luiz Carlos Krug, explicou que as zonas mortas são regiões que, pelas precárias condições ambientais, não oferecem condições para o desenvolvimento de organismos vivos.
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