Os escravos sexuais brasileiros, na maioria mulheres jovens de zonas rurais, têm um valor relativamente mais alto no mercado internacional, especialmente na Itália, tanto para aquisição quanto em termos de preço do "ato sexual comercial", diz Siddharth Kara, autor de "Sex Trafficking -Inside the Business of Modern Slavery" (Tráfico Sexual -Por Dentro do Negócio da Escravidão Moderna, Columbia University Press).
A reportagem é de Pedro Dias Leite e publicada na Folha de S.Paulo, 01-02-2009.
Uma comparação entre 12 países revela que o Brasil lidera no preço de compra da escrava e na hora cobrada no mercado italiano. Segundo tabela que consta do livro lançado pelo pesquisador, a mulher brasileira é vendida em média por 5.000 (cerca de R$ 15 mil), e seu "ato sexual comercial" custa em torno de 40. O país aparece à frente de Rússia ( 3.500 pela mulher, 30 pela relação sexual), Romênia ( 2.000 e 20, respectivamente) e mais nove países, a maioria do Leste Europeu.
De acordo com o autor, as brasileiras acabam vítimas de um mecanismo mais "sofisticado" desenvolvido no país, em que as escravas sexuais passam por uma "triagem" ou "estágio" nos grandes centros urbanos antes de serem "exportadas".
"O processo em duas etapas - tráfico interno seguido de tráfico internacional - é um desenvolvimento novo, baseado num modelo de negócio mais sofisticado. As escravas ficam menos resistentes, então se avalia quais serão mais facilmente exploradas no exterior - com menos chances de escapar", diz. "Outras são traficadas internacionalmente desde o início."
Na escravidão em geral, o Brasil é um dos países mais lucrativos para o crime: os escravos que trabalham em carvoarias são a terceira categoria mais lucrativa no mundo, só atrás dos que são explorados sexualmente e dos que são usados para o tráfico de órgãos. Os lucros da escravidão nas carvoarias do país são de US$ 7.500 por ano, por escravo, pelos cálculos do autor. "No Brasil, a escravidão por dívida é uma das principais formas e ocorre principalmente na agricultura e nas carvoarias, nas zonas rurais do país", diz Kara.
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