O cientista político Marco Antônio Teixeira, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, 08-05-2009, não concorda com a adoção "da noite para o dia" da lista fechada, atrelada ao financiamento público de campanha. Segundo ele, a falta de identificação do eleitor com partidos políticos inviabiliza a votação na legenda. E o financiamento público seria o mesmo que oferecer dinheiro às oligarquias partidárias.
Eis a entrevista.
O que falta para dar certo?
As duas coisas estão muito ligadas. Não tem como fazer financiamento público sem lista fechada. Mas para o sucesso da lista fechada é preciso ter partido com identidade, para que as pessoas votem em um programa partidário. Não dá para fazer lista fechada com a quantidade de partidos que existem hoje.
Como fica o financiamento público?
Os partidos precisam se democratizar. Hoje quem define as candidaturas são as oligarquias partidárias, sem competição interna. Partido nenhum tem feito prévias. E quem vai definir, provavelmente, a hierarquia do financiamento público? As oligarquias.
Antes deve vir uma reforma interna dos partidos?
Teria de estabelecer uma reforma, mas não vejo no horizonte nada viável. Os mais notáveis ficam com praticamente com quase toda verba.
Qual a saída?
Primeiro, falta aos partidos terem conexão efetiva com a sociedade. Hoje a gente procura alguém pra votar em função de plataformas e vínculo. Com a lista fechada, vamos votar em quê? Qual programa, qual partido? Nunca houve um programa legislativo.
Esses dois pontos são um passo maior que a perna?
Olhando claramente para nossa realidade é certo que isso não se faz da noite para o dia. É preciso haver uma mudança maior.
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