Dez dos 19 maiores bancos dos Estados Unidos vão precisar levantar US$ 74,6 bilhões de capital extra para enfrentar possíveis perdas, caso a recessão no país se agrave, segundo diagnóstico divulgado ontem pelo governo americano. As instituições foram submetidas a "testes de estresse" feitos por 150 técnicos do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) desde 10 de fevereiro, para avaliar sua resistência à crise.
A reportagem é do jornal O Estado de S.Paulo, 08-05-2009.
Bank of America (BofA), Wells Fargo e GMAC (braço financeiro da GM) são os bancos menos capitalizados e vão precisar de US$ 33,9 bilhões, US$ 13,7 bilhões e US$ 11,1 bilhões, respectivamente. O Citigroup terá de captar mais US$ 5,5 bilhões, segundo o governo.
JP Morgan Chase, Goldman Sachs, Bank of New York Mellon e American Express não demonstraram necessidade de recapitalização, mesmo nas simulações de cenários mais pessimistas para a economia americana, com o nível de desemprego chegando a 10,3%, por exemplo.
Pela conclusão do governo, o sistema financeiro americano está se recuperando, mas ainda não está curado. Alguns dos maiores bancos estão estáveis. Outros, no entanto, necessitam de injeção de bilhões de dólares. Mas nenhum, segundo garantem as autoridades financeiras, está prestes a falir.
O secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, disse que está "razoavelmente confiante" em que os bancos poderão levantar o capital necessário. A administração do presidente Barack Obama espera que as companhias consigam novas injeções por meio de fontes privadas. Mas Geithner já acena para uma reabertura dos cofres públicos ao dizer que o Tesouro tem recursos suficientes do que sobrou dos US$ 700 bilhões originalmente disponibilizados pelo Congresso para ajudar os bancos a montar colchões de capital.
Segundo ele, o Tesouro vai estender o programa de ajuda aos bancos de todos os tamanhos, sugerindo que a intervenção do governo no sistema financeiro deverá durar mais do que se previa. "É muito importante que o resto do sistema tenha acesso ao capital."
O presidente do Fed, Ben Bernanke, reforçou a afirmação. "Estamos prontos para prover qualquer capital adicional necessário para garantir que nosso sistema bancário esteja hábil para navegar por uma desafiante queda econômica". Segundo os reguladores, a injeção de capital no sistema é necessária para que a economia americana possa ser "relançada."
Os bancos que precisam de mais dinheiro terão até 8 de junho para desenvolver planos que devem ser aprovados pelas autoridades. "Vamos analisar atentamente para ter certeza de que eles nos apresentarão planos com credibilidade para levantar capital e se tornar de capital privado de novo."
Ao oferecer uma ideia mais realista da situação dos bancos ao mercado, o governo espera que a confiança dos investidores seja restabelecida. Bernanke disse que os resultados devem transmitir "conforto considerável" sobre a saúde do sistema bancário, mas ressaltou que os testes não são de "solvência" das instituições.
Em comunicado, Geithner, o secretário do Tesouro, disse que "o público agora tem uma ideia melhor sobre quanto capital os bancos vão precisar para assegurar que eles têm capacidade suficiente para continuar a prover crédito durante uma contração econômica mais adversa". Geithner sublinhou, no entanto, que os testes não podem ser interpretados como uma previsão.
Nas bolsas americanas, investidores demonstraram cautela ontem. O fechamento ocorreu antes divulgação do resultado dos testes. O Índice Dow Jones fechou em queda de 1,20%; o S&P 500 caiu 1,32% e a Nasdaq recuou 2,44%. As ações do Wells Fargo caíram 7,75%, depois de a instituição anunciar uma oferta de ações no valor de US$ 6 bilhões. As do Citigroup caíram 1,30%, as do American Express, 4,31%, JPMorgan, 5,32%, Goldman Sachs, 3,94%, e Bank of New York Mellon, 3,12%. As do BofA subiram 6,46%.
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