"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

quinta-feira, novembro 16, 2006

O Estado de São Paulo - 16/11/06

Japão assume direito de ter arma atômica

Governo diz que Constituição não proíbe, mas nega plano de armar-se
Reuters, Associated Press e EFE

Num comunicado em resposta ao questionamento de um parlamentar, o gabinete do primeiro-ministro japonês Shinzo Abe (conservador) declarou ontem que a Constituição pacifista do país permitiria que o Japão tivesse 'um nível mínimo' de armas nucleares, caso isso fosse necessário para sua defesa. O mesmo comunicado do governo, no entanto, informa que o país não tem planos para a aquisição ou o desenvolvimento de um arsenal atômico.
Foi a primeira vez que o governo japonês assumiu publicamente o direito do país de ter esse tipo de arma - do qual o Japão foi a primeira e até hoje única vítima, em 1945, com o bombardeio americano a Hiroshima e Nagasaki.
A questão parlamentar - levantada pelo deputado Sadakazu Tanigaki, do Partido Liberal Democrata (PLD) - surgiu após as iniciativas do ministro de Relações Exteriores, Taro Aso, de defender um debate sobre as estratégias japonesas para proteger-se da ameaça externa depois do teste atômico norte-coreano.
Shochi Nakagawa, diretor de estratégias políticas do PLD - e rival político de Tanigaki no próprio partido -, considerou conveniente examinar a legalidade da eventual posse de armas por parte do Japão, após a mudança da situação da segurança regional na Ásia. Segundo ele, 'a posse de armas nucleares reduz a possibilidade de o Japão ser atacado'.
Na avaliação do governo, a Constituição japonesa não diz nada sobre a posse de armas nucleares.
Aso já sugerira anteriormente que simpatizava com a possibilidade de 'um debate sem tabus' sobre a posse de armas nucleares.
As declarações de Aso e Nakagawa provocaram críticas de países como a Coréia do Sul e a China. De acordo com Tanigaki, 'no Japão, efetivamente, há liberdade de opinião, mas é preciso evitar que declarações de autoridades enviem uma mensagem errada para os países vizinhos'.

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