"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

quinta-feira, abril 08, 2010

Pulseiras Coloridas

Ouvi na Band News FM um comentário (infelizmente não lembro qual das comentaristas) a respeito do estupro sofrido por uma jovem que usava as tais famosas pulseiras.
A comentarista fez uma relação simplista entre o uso da pulseira e o de roupas. Associou que o uso de trajes considerados vulgares (em certas ocasiões) não poderia servir de desculpa para tal ato de violência, o que é perfeitamente compreensível, uma vez que, em nossa sociedade há a liberdade cultural e até cultuada do uso de pouca roupa por parte das mulheres que exibem seus atributos. Usar de violência contra uma mulher que esteja por exemplo de micro-saia e exuberante decote não é justificável sobre hipótese nenhuma.
Mas no caso da pulseira a situação é diferente. Há um código nas cores. Quem usa "aceita" o que está oferecendo, e quem tenta obter a satisfação do desejo através da quebra da pulseira (por si só já um início de ato violento) está disposto ao uso da força para pelo menos atingir seu objetivo imediato que é a ruptura das tais pulseiras. Bom se há um escalonamento das cores nessa ordem: Amarela –dar um abraço no rapaz; Laranja – significa uma “dentadinha do amor”; Roxa – já dá direito a um beijo com língua; Cor-de-rosa – a menina tem de lhe mostrar os seios; Vermelha – tem de lhe fazer uma lap dance;Azul – fazer sexo oral praticado pela menina; Verdes – são as dos chupões no pescoço; Preta – significa fazer sexo com o rapaz que arrebentar a pulseira; Dourada – fazer todos citados acima. Isso significa que quem usa as pulseiras está de acordo a aceitar desde um abraço até uma festinha apimentada particular. Pelo que li, garotas mortas na Região Norte usavam pulseiras pretas, no Paraná já se parte para a proibição do uso, entre outras situações no país.
Não lembro de nunca ter ouvido falar em se tentar proibir o uso de decotes ou mini-saias devido a mulheres que as usavam terem sofrido agressão sexual, e já aconteceu várias vezes, e foi dado como desculpa pelos agressores tal uso com sendo provocativo.
A reação provocada pelas pulseiras é de outro nível. Exatamente por estar explícito um acordo entre ambas as partes. A que usa e oferece a realização dos mais diversos desejos pela quebra de suas pulseiras, até a que usa o ato violento de partir as pulseiras e então exigir a realização dos seus desejos.
Ao tentar colocar as duas situações no mesmo patamar, se foge da discussão principal que é a quebra de diversos valores sociais, sendo o principal o de não uso da violência nas relações pessoais. Que tipo de jovens estaremos formando ao não coibir o uso de tais pulseiras? Que tipo de relações interpessoais irão surgir de pessoas que aceitam e estimulam o uso da violência para atingir seus objetos do desejo?
Lembro que recentemente li um artigo que comentava ser a violência absurdamente comum nas relações do jovens na atualidade. Se não me engano 7 em cada 10 casais jovens já haviam sofrido algum tipo de agressões nos seus relacionamentos.
Será que é esse tipo de comportamento que estaremos fadados a ver nos futuros casais? E as próximas gerações que terão esses relacionamentos como exemplo, o que farão? Pensar em direitos humanos também não é repensar tais situações?
Creio ser um momento de toda a sociedade ver com mais atenção essa situação do uso das famigeradas pulseiras ao invés de comparar atos agressivos decorrentes do seu uso, com o do reduzido vestuário que já estamos acostumados pela própria brasilidade a ver.


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