viomundo - publicado em 20 de agosto de 2013 às 21:45
O deputado estadual Mauro Rubem (PT), de vermelho, em foto divulgada no Facebook
por Luiz Carlos Azenha
O governador de Goiás, Marconi Perillo, é um “ditador”, um “monarca”,
que tenta calar a oposição e os críticos com ações na Justiça para
reduzir o desgaste político causado pela associação com o bicheiro
Carlinhos Cachoeira, na tentativa de se reeleger em 2014. É o que diz o
deputado estadual Mauro Rubem, do Partido dos Trabalhadores, que avalia:
apesar do desmantelamento da quadrilha de Cachoeira, condenado a 40
anos de prisão, pouco mudou na política de Goiás.
A ação do tucano contra Rubem se deu por conta de comentário feito no
twitter. Ao sugerir a seus seguidores a leitura da reportagem A central de grampos de Marconi Perillo, da CartaCapital,
Rubem comentou: “Com a central de grampos montada pelo governador, o
ciclo da quadrilha de Marconi e Cachoeira se fecha”. O governador
Perillo pede indenização de 100 mil reais. Liminarmente, obteve na
Justiça decisão que obrigou o deputado estadual petista a remover o
comentário e a evitar novas acusações contra Marconi nas redes sociais.
“O objetivo é calar aqui a oposição, calar os críticos e às vezes
pessoas que nem são políticas, pessoas do povo, estudantes, que nem tem
atividade político-partidiária… São cinquenta pessoas ou mais que são
processadas diretamentre, mas as ameaças são muito fortes aos veículos
de comunicação”, diz Rubem. Segundo ele, o governador usa notificações
extrajudiciais para evitar que jornais e emissoras de rádio abram espaço
para críticos dele. O petista estranha que muitos casos tenham sido
decididos pelo mesmo juiz e que ele, Rubem, nem teve direito de defesa,
como denunciou em entrevista a Leandro Fortes, de CartaCapital.
Dei uma de advogado do diabo e perguntei a Mauro Rubem se ele estava
seguro da relação entre Perillo e Carlinhos Cachoeira: “Ela é totalmente
provada. Ela tem diversos elementos, inclusive as gravações que foram
colocadas no ar, tudo isso é real e verdadeiro. Quando nós temos um
grupo, uma quadrilha instalada, efetivamente é um grupo de pessoas que
estavam bem articuladas — e ainda estão, aqui no estado de Goiás —
defendendo os interesses deste grupo, que foi o que financiou a campanha
do próprio governador e tem relações bem diretas”.
O deputado diz que depoimentos dados à CPI que investiga a quadrilha
na Assembleia Legislativa de Goiás apontam na mesma direção: o
ex-senador Demóstenes Torres, por exemplo, entrou no governo Perillo
como secretário de Segurança Pública já articulado com o grupo.
Cachoeira, condenado a 40 anos de prisão, recorre em liberdade. “Esse
grupo continua agindo com muita liberdade”, afirma Rubem.
Numa recente pesquisa CNI/Ibope,
Marconi Perillo só ficou adiante de Sergio Cabral (PMDB-RJ). Só 29% dos
goianos confiam no tucano, abaixo da média nacional de 38%.
“Ele não consegue andar nas ruas se não for com 50, 60 seguranças. E
tem uma ação truculenta com qualquer pessoa que faz cobrança”, diz o
deputado petista.
Prossegue o deputado petista: “Ano passado ele gastou mais dinheiro
em publicidade, R$ 211 milhões, do que com a Universidade Estadual de
Goiás, que tem quase 60 unidades espalhadas pelo estado, que é uma
universidade importante para nós e não recebeu R$ 180 milhões”.
“Ele faz uma tentativa de recuperar a sua imagem fazendo obras de
forma acelerada, preços altíssimos e qualidade duvidosa, tentando
resgatar a imagem e se preparando para o ano que vem”, afirma Rubem.
“A gente está vendo aqui a refundação da monarquia dos Goyazes tendo como imperador o senhor Marconi Perillo”, acusa o parlamentar processado por Perillo.
Vai além: “Todo ditador tem de ter uma ação solta de repressões”.
Rubem se refere ao fato de que Goiás só recentemente, no início de
2013, ganhou uma delegacia de combate ao crime organizado, um estado que
tem uma extensa lista de violações dos direitos humanos. De 1999 —
quando o grupo político do governador assumiu o poder — até hoje foram
43 desaparecidos após abordagem policial em Goiás, além de 33 moradores
em situação de rua executados.
Para o petista, este quadro não aconteceu por acaso: a impunidade
seria essencial para o pleno funcionamento da quadrilha de Carlinhos
Cachoeira.
Ouça a íntegra das acusações na entrevista abaixo e leia os documentos divulgados pelo deputado:
Confira o resto da reportagem em: http://www.viomundo.com.br/denuncias/mauro-rubem-perillo-gastou-r-220-milhoes-em-publicidade-bem-mais-que-com-universidade.html
Alguns comentários de leitores que julguei pertinente:
Leandro: Até parece que isso no Brasil é exclusividade do psdb…isso é norma de todos quando chegam ao poder.
“Governo Dilma deixa de aplicar R$ 17 Bilhões na Saúde, mas gasta R$ 16 Bi em Publicidade”
“Governo Dilma deixa de aplicar R$ 17 Bilhões na Saúde, mas gasta R$ 16 Bi em Publicidade”
Marcelo Soares Souza: E na Bahia (Jaques Wagner), o Governo em 2012 gastou R$ 96 milhões para
combater a seca e R$ 144 milhões em publicidade. Em 2010 gastou R$ 108
milhões em publicidade e investiu apenas R$ 26 milhões em segurança.
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