O Senado sangra. Quase metade dele é alvo de algum tipo de processo na justiça
"Desconforta assistir ao espetáculo protagonizado pelo presidente do Senado, mas, de certa forma, sua arrogante ousadia não deixa de ter lá suas vantagens. Propicia à platéia uma visualização mais nítida do cenário político, lança luz sobre condutas, revela práticas, exibe vícios, nos confronta com a realidade." O comentário é de Dora Kramer, jornalista, publicado no jornal O Estado de S. Paulo, 3-07-2007.
Segundo ela, "o Senado sangra e, pelo que tem sido mostrado neste último mês, é bom que sangre. Em função da abertura das veias desmontou-se a mistificação em torno dessa associação de amigáveis cavalheiros tidos como nobres se comparados ao populacho da Câmara, o vilão do Parlamento de onde, acreditava-se, se originavam todas as deformações".
E continua:
"Quase metade deles é alvo de algum tipo de processo na Justiça; a quase totalidade deles abre mão da própria capacidade de discernir entre o certo e o errado em nome do espírito de corpo, como demonstrou a fila da solidariedade ao senador Renan Calheiros aos primeiros acordes do escândalo ainda em cartaz.
Todos eles aceitam como legítima na condução de sessões de votações importantes a presença de um presidente que lhes falta com a verdade na apresentação de documentos de defesa, que lhes desrespeita a autonomia parlamentar ao manipular os trabalhos do Conselho de Ética, que lhes afronta as reputações com ameaças de dossiês e retaliações.
A impertinência do presidente do Senado também serviu para revelar como a lógica da farsa é bem aceita pela Casa, cuja reação só se manifesta aos poucos e a poder de muita pressão da opinião pública. Não fosse ela, o caso estaria morto e enterrado desde a composição do epitáfio do senador Cafeteira.
O atrevimento do presidente do Senado mostrou-se útil para revelar a dubiedade de partidos valentes quando em jogo estão seus destinos eleitorais, mas covardes quando se trata de preservar posições e conveniências internas.
O Democratas levou três semanas para se aperceber da necessidade de respaldar a posição do senador Demóstenes Torres e o PSDB levou quatro para condenar as manobras protelatórias. Mas, ainda assim, nada fez a não ser repetir a exigência tonitruante e vazia de investigação “séria e transparente”.
E conclui:
"A petulância do presidente do Senado estendeu a agonia e, com isso, permitiu também que o partido com pretensões e chances de voltar ao poder mostrasse o quanto está em dissonância com as ruas, pois a opinião pública já condenou, a crise já se aprofundou e a instituição parlamentar já se deixou carregar".
Segundo ela, "o Senado sangra e, pelo que tem sido mostrado neste último mês, é bom que sangre. Em função da abertura das veias desmontou-se a mistificação em torno dessa associação de amigáveis cavalheiros tidos como nobres se comparados ao populacho da Câmara, o vilão do Parlamento de onde, acreditava-se, se originavam todas as deformações".
E continua:
"Quase metade deles é alvo de algum tipo de processo na Justiça; a quase totalidade deles abre mão da própria capacidade de discernir entre o certo e o errado em nome do espírito de corpo, como demonstrou a fila da solidariedade ao senador Renan Calheiros aos primeiros acordes do escândalo ainda em cartaz.
Todos eles aceitam como legítima na condução de sessões de votações importantes a presença de um presidente que lhes falta com a verdade na apresentação de documentos de defesa, que lhes desrespeita a autonomia parlamentar ao manipular os trabalhos do Conselho de Ética, que lhes afronta as reputações com ameaças de dossiês e retaliações.
A impertinência do presidente do Senado também serviu para revelar como a lógica da farsa é bem aceita pela Casa, cuja reação só se manifesta aos poucos e a poder de muita pressão da opinião pública. Não fosse ela, o caso estaria morto e enterrado desde a composição do epitáfio do senador Cafeteira.
O atrevimento do presidente do Senado mostrou-se útil para revelar a dubiedade de partidos valentes quando em jogo estão seus destinos eleitorais, mas covardes quando se trata de preservar posições e conveniências internas.
O Democratas levou três semanas para se aperceber da necessidade de respaldar a posição do senador Demóstenes Torres e o PSDB levou quatro para condenar as manobras protelatórias. Mas, ainda assim, nada fez a não ser repetir a exigência tonitruante e vazia de investigação “séria e transparente”.
E conclui:
"A petulância do presidente do Senado estendeu a agonia e, com isso, permitiu também que o partido com pretensões e chances de voltar ao poder mostrasse o quanto está em dissonância com as ruas, pois a opinião pública já condenou, a crise já se aprofundou e a instituição parlamentar já se deixou carregar".
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