O turismo, que aumenta significativamente nas férias, é responsável pelo aumento da poluição e do esbanjamento dos recursos naturais, diz reportagem de David Fernández para o El País, 03-07-2007. Por conta disso, o turismo pode “converter o ócio das férias em verdugo e vítima do meio ambiente: verdugo por sua contribuição ao aquecimento do planeta e vítima porque sofrerá os efeitos da mudança climática”, diz. A tradução é do Cepat.
Estamos de acordo que a matemática não é para o verão. No entanto, às vezes convém desempoeirar a calculadora para dar-se conta de certos perigos, como o impacto das férias sobre o meio ambiente. Só um exemplo: a DGT prevê que em julho e agosto se produzirão na Espanha 90 milhões de deslocamentos por estradas. Numa clássica viagem de carro entre Madri e Valência se libera em média 0,106 tonelada de CO2, segundo o sistema de medição da empresa NativeEnergy. Se se multiplica esta cifra pelos deslocamentos previstos, os veículos emitirão no mínimo 9,54 milhões de toneladas de CO2 neste verão.
A cifra é relevante, assim como o peso da indústria turística na economia, já que emprega 20 milhões de pessoas na União Européia e representa 10% do PIB comunitário. E é exatamente seu forte crescimento – para 2020 a Organização Mundial do Turismo espera 1,6 bilhão de turistas em todo o mundo frente aos atuais 870 milhões – o que pode converter o ócio das férias em verdugo e vítima do meio ambiente: verdugo por sua contribuição ao aquecimento do planeta e vítima porque sofrerá os efeitos da mudança climática.
“O turismo é um depredador de energia, já que a cultura do descanso e as férias se identificam com viajar”, adverte Yayo Herrero, da Ecologistas em Ação. O transporte turístico supõe 8% das emissões de CO2 da União Européia. 50% desta quantidade corresponde ao transporte aéreo (A AENA [Aeroportos Espanhóis e Navegação Aérea, correlata da ANAC brasileira] prevê para este verão 399.832 vôos na Espanha) e 41% às estradas. O Tourism Sustainability Group, um grupo de trabalho criado pela Comissão Européia em 2004 para promover o turismo sustentável, exige que os políticos e as empresas “trabalhem juntos para fomentar o uso de formas de transporte menos danosas para o meio ambiente, como o trem, os ônibus ou as bicicletas”. Para alentar estas alternativas se devem “aplicar impostos ambientais, dar mais informação, investir em infra-estrutura e serviços e melhorar as conexões”.
À parte a contaminação, outra ameaça do turismo é o esbanjamento de recursos escassos. O caso Benidorm é um exemplo. Durante as férias chega a quadruplicar sua população e na praia há momentos em que é impossível abrir um guarda-sol a mais, com picos de 25 mil pessoas. Tal quantidade de turistas levou o Município a adotar uma medida impopular: “Tivemos que retirar as duchas da praia porque está comprovado que todo o mundo voltava a se banhar nos seus hotéis ou apartamentos”, explica Josefa María Pérez, responsável por praias e meio ambiente de Benidorm.
Um turista num hotel, segundo a Agência Européia de Meio Ambiente, gasta um terço a mais de água que o habitante dessa cidade. “É preciso conscientizar as pessoas de que não podemos baixar a guarda. Não é lógico que se o consumo médio de água de um habitante que é de 200 litros/dia possa chegar em alguns casos até os três mil litros/dia”, enfatiza Julio Barea, do Greenpeace. Outro problema, como lembra o Tourism Sustainability Group, “é que determinadas formas de turismo em crescimento são particularmente demandadoras de água, como os campos de golfe e a produção artificial de neve nas estações de esqui”.
A costa está toda ela asfaltada e calçada. E vai continuar assim. No último ano, os municípios do litoral espanhol projetaram quase três milhões de novas moradias, 200 mil praças hoteleiras, 316 campos de golfe e 112 praças esportivas, segundo dados do Greenpeace. Esta organização acredita que a Espanha deve reformular seu modelo turístico para evitar não só que paragens singulares sejam engolidos pelas calçadas, mas também para que se adie a desaceleração das entradas dos visitantes que se viu em 2006. “As pessoas querem cada vez mais espaços naturais e menos massificação urbanística. Se continuarmos com o mesmo modelo, a migração de turistas para outros destinos, como o Adriático ou o norte da África, continuará”, vaticina Barea.
Estamos de acordo que a matemática não é para o verão. No entanto, às vezes convém desempoeirar a calculadora para dar-se conta de certos perigos, como o impacto das férias sobre o meio ambiente. Só um exemplo: a DGT prevê que em julho e agosto se produzirão na Espanha 90 milhões de deslocamentos por estradas. Numa clássica viagem de carro entre Madri e Valência se libera em média 0,106 tonelada de CO2, segundo o sistema de medição da empresa NativeEnergy. Se se multiplica esta cifra pelos deslocamentos previstos, os veículos emitirão no mínimo 9,54 milhões de toneladas de CO2 neste verão.
A cifra é relevante, assim como o peso da indústria turística na economia, já que emprega 20 milhões de pessoas na União Européia e representa 10% do PIB comunitário. E é exatamente seu forte crescimento – para 2020 a Organização Mundial do Turismo espera 1,6 bilhão de turistas em todo o mundo frente aos atuais 870 milhões – o que pode converter o ócio das férias em verdugo e vítima do meio ambiente: verdugo por sua contribuição ao aquecimento do planeta e vítima porque sofrerá os efeitos da mudança climática.
“O turismo é um depredador de energia, já que a cultura do descanso e as férias se identificam com viajar”, adverte Yayo Herrero, da Ecologistas em Ação. O transporte turístico supõe 8% das emissões de CO2 da União Européia. 50% desta quantidade corresponde ao transporte aéreo (A AENA [Aeroportos Espanhóis e Navegação Aérea, correlata da ANAC brasileira] prevê para este verão 399.832 vôos na Espanha) e 41% às estradas. O Tourism Sustainability Group, um grupo de trabalho criado pela Comissão Européia em 2004 para promover o turismo sustentável, exige que os políticos e as empresas “trabalhem juntos para fomentar o uso de formas de transporte menos danosas para o meio ambiente, como o trem, os ônibus ou as bicicletas”. Para alentar estas alternativas se devem “aplicar impostos ambientais, dar mais informação, investir em infra-estrutura e serviços e melhorar as conexões”.
À parte a contaminação, outra ameaça do turismo é o esbanjamento de recursos escassos. O caso Benidorm é um exemplo. Durante as férias chega a quadruplicar sua população e na praia há momentos em que é impossível abrir um guarda-sol a mais, com picos de 25 mil pessoas. Tal quantidade de turistas levou o Município a adotar uma medida impopular: “Tivemos que retirar as duchas da praia porque está comprovado que todo o mundo voltava a se banhar nos seus hotéis ou apartamentos”, explica Josefa María Pérez, responsável por praias e meio ambiente de Benidorm.
Um turista num hotel, segundo a Agência Européia de Meio Ambiente, gasta um terço a mais de água que o habitante dessa cidade. “É preciso conscientizar as pessoas de que não podemos baixar a guarda. Não é lógico que se o consumo médio de água de um habitante que é de 200 litros/dia possa chegar em alguns casos até os três mil litros/dia”, enfatiza Julio Barea, do Greenpeace. Outro problema, como lembra o Tourism Sustainability Group, “é que determinadas formas de turismo em crescimento são particularmente demandadoras de água, como os campos de golfe e a produção artificial de neve nas estações de esqui”.
A costa está toda ela asfaltada e calçada. E vai continuar assim. No último ano, os municípios do litoral espanhol projetaram quase três milhões de novas moradias, 200 mil praças hoteleiras, 316 campos de golfe e 112 praças esportivas, segundo dados do Greenpeace. Esta organização acredita que a Espanha deve reformular seu modelo turístico para evitar não só que paragens singulares sejam engolidos pelas calçadas, mas também para que se adie a desaceleração das entradas dos visitantes que se viu em 2006. “As pessoas querem cada vez mais espaços naturais e menos massificação urbanística. Se continuarmos com o mesmo modelo, a migração de turistas para outros destinos, como o Adriático ou o norte da África, continuará”, vaticina Barea.
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