O economista Paulo Nogueira Batista Junior, representante do Brasil no Fundo Monetário Internacional (FMI), avaliou ontem que a crise do mercado imobiliário dos Estados Unidos já começou a contaminar outros segmentos. 'O contágio para outros segmentos já é visível. Houve a contaminação de fundos importantes.' Segundo ele, ainda não é possível saber 'a quantidade de problemas potenciais' que a crise pode provocar na economia mundial, mas, ao contrário de alguns analistas, acredita que a crise americana pode afetar a economia real. A reportagem é de Renata Veríssimo e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 15-08-2007.
O representante do FMI disse que é difícil prever a duração da crise e avaliou que o Brasil 'viverá de susto em susto'. 'Não existem estatísticas adequadas e os supervisores não sabem todos os riscos envolvidos e a cadeia de ligação desse mercado', afirmou.
Embora tenha admitido que o Brasil esteja mais sólido que no passado, Nogueira Batista disse estar preocupado porque o País já passou por maus momentos. 'O Brasil tem uma posição mais forte, com reservas maiores e uma queda da relação entre dívida e PIB, mas se a crise for muito grave terá que se preparar.' Para ele, é importante que o Banco Central (BC) mantenha a política de aumento das reservas internacionais e uma posição fortalecida no balanço de pagamentos.
Mas disse que a crise tem um lado positivo: reduzir o processo de valorização do real. 'Foi preciso que o mundo viesse abaixo para resolver a questão do câmbio no Brasil. Espero que pelo menos esse benefício, de ter uma desvalorização moderada, a crise traga.' Nogueira Batista acredita que o BC pode contribuir para a desvalorização do real dando continuidade à redução das taxas de juros e intervindo no mercado para enxugar o volume de dólares.
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