Segundo relatório divulgado ontem pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), 22 milhões de jovens da América Latina e do Caribe, entre 15 e 24 anos, o equivalente a 20% do total de 106 milhões de jovens, não trabalham nem estudam. O desemprego atinge 10 milhões de jovens na região, sendo que o índice entre adultos é de 6% e entre jovens, de 17%. Outros 31 milhões trabalham em empregos considerados precários ou informais. A notícia é do jornal Valor, 5-09-2007. A notícia também pode ser lida nos jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo.
O documento "Trabalho Decente e Juventude - América Latina", que utiliza dados de 2005, foi apresentado em Santiago do Chile pelo diretor-geral da OIT, Juan Somavia. Segundo o estudo, o índice de desemprego na região em 2005 era maior do que em 1990. "O que mais diferencia os jovens dos adultos é o tipo de emprego a que eles têm acesso. Dois de cada três jovens trabalham em atividades informais, onde freqüentemente a remuneração é menor que o salário mínimo e sem cobertura da previdência social. Em termos de renda, um jovem ganha, em média, 56% do que um adulto percebe", diz o texto da OIT.
No total da massa de trabalhadores da região, os jovens representam 46% dos desempregados. O relatório diz ainda que, se o desemprego dos jovens se reduzisse à metade, a produção da região cresceria entre 4,9 pontos percentuais e 7,8 pontos adicionais. O estudo cita o programa brasileiro ProUni (que financia o estudo universitário de jovens) como exemplo de programa que abre caminho para jovens pobres, mas não faz menção ao Primeiro Emprego, que será extinto em 2008, embora fale sobre programas semelhantes de países sul-americanos.
Além de trazer dados sobre emprego e desemprego, o estudo revisa diversas iniciativas adotadas por países da região para tentar combater o problema e faz uma série de propostas nesse sentido. O estudo ressalta que a larga parcela de desempregados entre os jovens tem relação com a demografia atual da região e pode mudar no futuro.
Segundo a OIT, na realidade latino-americana, nunca houve tantas pessoas com idade entre 15 e 24 anos. É provável que, no futuro, essa cifra pare de crescer, visto que as projeções indicam, a partir de 2015, uma taxa menor de crescimento da população. São 106 milhões de jovens na região: 48 milhões trabalham, outros 48 milhões são inativos (não trabalham e não estão procurando emprego), 10 milhões estão desempregados.
Entre os que trabalham, 31 milhões realizam atividades precárias (não contam com seguridade social em saúde e pensões), sendo que dois a cada três deles não estudam. Entre os que estão fora do mercado de trabalho, apenas 40% freqüentam a escola. Os que não estudam nem trabalham são 22 milhões. No conjunto, mais da metade da população de jovens não estuda: são 57 milhões, ou, 54% do geral.
A precariedade nos mercados de trabalho da região afeta um de cada dois trabalhadores e, entre os jovens, dois de cada três, sublinha o relatório que, no entanto, não especifica os dados por países. Foram criados programas com ótimos resultados, mas com coberturas reduzidas ou iniciativas de amplo alcance, mas sem o impacto esperado. O desafio consiste em articular ambas as dimensões e passar da execução de programas para a definição e realização de políticas de Estado com a participação dos jovens, afirma a OIT.
Segundo o estudo, para qualquer país, é importante que seus jovens tenham oportunidades para progredir e sejam capazes de aproveitá-las, exercendo responsavelmente suas liberdades
O relatório destaca que enquanto aqueles que estudam e trabalham concentram-se nos quintos mais altos de renda familiar per capita, os que não estudam nem trabalham concentram-se nos estratos médios e de renda baixa.
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