A Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos - grande interessada no debate dos reflexos econômicos, trabalhistas e ambientais da importação de pneus usados - estranha. Informa que não foi convidada para uma reunião sobre o tema com o ministro do Trabalho, Carlos Luppi, ocorrida na semana passada. Mas lá estavam os representantes do setor de reforma de pneus e o deputado federal Nelson Marchezelli, ambos, segundo a Anip, favoráveis à importação desses pneus. Questionada, a assessoria do Ministério do Trabalho justificou que os convites ficaram a cargo da Comissão de Assuntos do Trabalho (CAT), da Câmara dos Deputados, presidida por Marchezelli. O que, segundo a Anip, é ainda mais estranho, uma vez que um dia antes da reunião entrou em contato com a CAT para checar a data do encontro. Resposta: não havia nada programado para aquela semana. A reportagem é de Sonia Racy e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 5-09-2007.
Embora estranhe, a Anip admite que o 'esquecimento' se justifica, já que desde sempre tem defendido que as empresas de reforma no Brasil utilizem apenas pneus usados nacionais nos seus processos.
Considera que aprovar a importação de pneus usados seria um retrocesso na política ambiental brasileira. Vilien Soares, diretor-geral da associação, lembra que, nos últimos três anos, entraram 25 milhões de carcaças de pneus usados no Brasil. 'Isso é mais que o dobro da capacidade de produção das empresas de remoldagem. Ou seja, mais da metade do que é importado ou é vendido como pneu meia-vida ou é lixo direto, constituindo crime por desvio de caminho', alerta, de olho em seu próprio mercado.
Não bastasse isso, destaca o executivo, a importação de pneus usados tem impacto direto no contencioso que o Brasil abriu contra a União Européia na OMC. 'Se a importação de pneus usados for autorizada, perderemos o Painel contra os europeus e teremos que liberar também a importação de pneus reformados.' O que seria um total despropósito, diz, uma vez que o Brasil teria de destruir também os pneus fabricados nos países desenvolvidos.
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