Em uma década e meia, o banqueiro baiano Daniel Dantas ergueu um império que, só no ramo das telecomunicações, chega a R$ 17 bilhões. Para tal obra, usou como argamassa capital de parceiros, além de uma vasta rede de conexões políticas tecida ao longo de três governos (Collor, FHC, Lula) e a despeito de cores partidárias. Seus primeiros passos na trilha do poder político foram dados no antigo PFL, hoje DEM. A reportagem é de Cláudio Dantas Sequeira no jornal Folha de S.Paulo, 10-07-2008.
Aproximou-se do falecido senador Antonio Carlos Magalhães, por indicação de Mário Henrique Simonsen, de quem foi aluno. Chegou a conselheiro do partido e teve o nome cotado para assumir o Ministério da Fazenda durante o governo Fernando Collor. Foi sócio do publicitário Nizan Guanaes na agência de publicidade DM9 e fez doutorado no Massachusets Institute of Technology, nos EUA.
Mas a grande oportunidade de Dantas surgiu no governo Fernando Henrique Cardoso. Estimulado pelos tucanos a entrar no processo de privatizações do sistema Telebrás, ele criou o Opportunity Fund. Chamou para sócios a irmã Verônica Dantas - também detida pela PF - e o economista Pérsio Arida, que foi presidente do BNDES (1993-95) e do Banco Central (1995).
A ex-mulher de Arida, Elena Landau, ocupou a diretoria de privatização do BNDES durante o programa de desestatização. Em maio de 2002, Dantas jantava com Fernando Henrique Cardoso no Palácio Alvorada, num episódio que escancarou o trânsito do banqueiro com o poder federal.
Houve um outro momento parecido em 2006, quando Dantas se encontrou com o então ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça). A reunião ocorreu na casa do senador Heráclito Fortes (PFL-PI), com a presença dos deputados Sigmaringa Seixas (DF) e José Eduardo Cardozo (SP).
O tema da conversa com Bastos foi a suposta existência de um dossiê contra a cúpula petista e o presidente Lula. Dantas reagia às pressões dos fundos de pensão (Petros, Previ e Funcef) para retirar o Opportunity do controle da Brasil Telecom. O banqueiro foi acusado de gestão fraudulenta e virou algo das investigações da CPI dos Correios.
A CPI revelaria que Telemig Celular e Amazônia Celular, ambas controladas por Dantas, financiaram o esquema do mensalão, através das empresas DNA Propaganda e SMPB Comunicação, pertencentes a Marcos Valério.
Valério, por sua vez, mantinha laços com o tesoureiro de Lula, Delúbio Soares, que até o mensalão tinha livre acesso ao Palácio do Planalto. Dantas buscou se aproximar de José Dirceu (Casa Civil), algo que o ex-ministro nega. Mas sabe-se que o banqueiro pagou R$ 8,5 milhões ao advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, amigo de Dirceu.
Dantas também pagou, por meio da Brasil Telecom, R$ 1 milhão em honorários advocatícios a Roberto Teixeira, compadre de Lula. E, sabe-se, também contratou os serviços de Luiz Eduardo Greenhalgh, ex-deputado e petista histórico.
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