A prisão de Dantas. ‘Desfecho de um entreato da maior disputa societária da história do capitalismo brasileiro’ - Instituto Humanitas Unisinos 09/07/08
A afirmação acima é de Bob Fernandes, experiente jornalista brasileiro, e um dos primeiros a noticiar a prisão do banqueiro Daniel Dantas, dono do grupo Opportunity e do especulador Naji Nahas no noticiário eletrônico Terra Magazine, 08-07-2008.
Segundo o jornalista, Dantas é preso quase três meses depois de fechar um dos maiores negócios do mercado de telecomunicações brasileiro: vendeu suas participações da Brasil Telecom e Telemar (OI) por algo em torno de 1 bilhão de dólares. E conseguiu um acordo com os fundos de pensão, pelo qual se livrou de todas as demandas judiciais contra ele. Além do perdão dos fundos, ainda saiu do acordo com mais R$ 140 milhões.
Na análise de Bob Fernandes, “a prisão de Daniel Dantas trata-se do mais profundo mergulho nos intestinos do Brasil” pelo conteúdo explosivo que pode revelar. Diz ele: “Das entranhas do que há de mais poderoso nos comandos financeiros, sociais e políticos emerge o que a Polícia Federal, depois de 2 anos de investigações, trata como organização criminosa comandada por dois grupos distintos e dois ‘capos’ – expressão da própria PF – que atuariam em consórcio, Daniel Dantas e Naji Robert Nahas.
Eis a reportagem por Bob Fernandes e Samuel Possebon no Terra Magazine.
Daniel Dantas foi preso nesta terça. Ele e as principais peças de seu grupo, tais como sua irmã Verônica Dantas, o cunhado Arthur Carvalho e o ex-cunhado Carlos Rodenburg, seu sócio e presidente do Banco Opportunity S/A.
O ápice da investigação da Polícia Federal coincidiu com o clímax das negociações para a venda da Brasil Telecom para a Oi, nos primeiros meses deste ano. O conteúdo das investigações é explosivo. Detecta-se no meio da apuração um intenso trabalho de lobby e pressão de Dantas junto a setores do governo e também do PT.
A gênese da BrOi foi palmilhada atentamente pela Polícia Federal, seja do ponto de vista dos contatos políticos para que ela saísse do papel, seja do ponto de vista das pressões e manipulações feitas junto à imprensa. Muito ainda deverá ser revelado em capítulos nos próximos dias.
Em diversos momentos, personagens dantescos referem-se a personalidades do governo. Na percepção dos investigadores, algumas das referências – uma delas de codinome Margaret - seriam à ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.
Em uma conversa a 13 de março último, por exemplo, Greenhalgh diz a Humberto Braz (ex-presidente da Brasil Telecom Participações) que "tentou" conversar com "minha amiga". Entendeu o delegado Queiróz quem seria a "amiga": - ...possivelmente a ministra Dilma. Registra o delegado que o ex-deputado relata o fracasso da tentativa de diálogo com a ministra, que teria recomendado um entendimento entre "eles", pois o governo já havia "se metido demais nesse assunto".
No dia 20 de março, Guilherme Sodré Martins, assessor de Dantas em áreas várias, comenta com Carlos Rodenburg que na "segunda-feira" estará em Brasilia para uma reunião "com Dilma". Aponta a PF, no dia 24 não há registro de tal compromisso na Casa Civil. No mesmo dia, contudo, Guilherme comenta com um certo Bernardo que a audiência seria às 14h30 para tratar do assunto "leite longa vida".
Findo o suposto encontro, às 15 horas, 53 minutos e 45 segundos, Guilherme conversa com Bernardo e diz que "eles" falaram a respeito da reunião com Dilma e que ela teria feito de conta que não o conhecia, e ele ficou quieto. Em tempo: Dilma e Guilherme Sodré se conhecem ao menos de vista, pois foi Guilherme, o Guiga, quem providenciou a lancha para um passeio, revelado pela Operação Navalha, na Baía de Todos os Santos. Ainda em relação a esta conversa, Guilherme comenta que o pessoal "da indústria do leite" saiu impressionado com a esperteza dela, principalmente em descobrir "onde está a sacanagem".
Três dias depois, em 27 de março, às 20 horas, 36 minutos e 12 segundos Dantas liga para Guilherme e diz que acabou, "fecharam o acordo". Luiz Eduardo Greenhalgh, ex-deputado federal do PT, foi quase presidente da Câmara dos Deputados (perdeu para Severino Cavalcanti). Ele é renomado advogado e influente integrante da cúpula do partido.
Greenhalgh, segundo apurações da PF, manteve contatos intensos e freqüentes com Humberto Braz em defesa dos interesses de Dantas. Humberto Braz, recorde-se, foi presidente da Brasil Telecom Participações durante a gestão Dantas, quando cuidava dos interesses do Opportunity junto à imprensa, Marcos Valério e mais uma série de episódios, todos devidamente apurados pelas auditorias feitas pela BrT. Depois que fundos e Citibank demitiram Dantas do controle da BrT, Humberto Braz continuou prestando serviços ao Opportunity.
Braz e Greenhalgh negociavam a BrOi. Faziam lobby junto ao governo, apontam as investigações. A prisão preventiva de Greenhalgh foi pedida pela polícia, mas não foi concedida. No âmbito das negociações para a fusão entre Brasil Telecom e Oi, Daniel Dantas conseguiu vender suas participações por mais de US$ 1 bilhão, segundo cálculos da revista TELETIME, acertou um acordo judicial com os fundos de pensão em que levou R$ 145 milhões, pagos pela Oi, se livrou de um processo de pelo menos US$ 300 milhões movido pelo Citibank em Nova Iorque.
Segundo o jornalista, Dantas é preso quase três meses depois de fechar um dos maiores negócios do mercado de telecomunicações brasileiro: vendeu suas participações da Brasil Telecom e Telemar (OI) por algo em torno de 1 bilhão de dólares. E conseguiu um acordo com os fundos de pensão, pelo qual se livrou de todas as demandas judiciais contra ele. Além do perdão dos fundos, ainda saiu do acordo com mais R$ 140 milhões.
Na análise de Bob Fernandes, “a prisão de Daniel Dantas trata-se do mais profundo mergulho nos intestinos do Brasil” pelo conteúdo explosivo que pode revelar. Diz ele: “Das entranhas do que há de mais poderoso nos comandos financeiros, sociais e políticos emerge o que a Polícia Federal, depois de 2 anos de investigações, trata como organização criminosa comandada por dois grupos distintos e dois ‘capos’ – expressão da própria PF – que atuariam em consórcio, Daniel Dantas e Naji Robert Nahas.
Eis a reportagem por Bob Fernandes e Samuel Possebon no Terra Magazine.
Daniel Dantas foi preso nesta terça. Ele e as principais peças de seu grupo, tais como sua irmã Verônica Dantas, o cunhado Arthur Carvalho e o ex-cunhado Carlos Rodenburg, seu sócio e presidente do Banco Opportunity S/A.
O ápice da investigação da Polícia Federal coincidiu com o clímax das negociações para a venda da Brasil Telecom para a Oi, nos primeiros meses deste ano. O conteúdo das investigações é explosivo. Detecta-se no meio da apuração um intenso trabalho de lobby e pressão de Dantas junto a setores do governo e também do PT.
A gênese da BrOi foi palmilhada atentamente pela Polícia Federal, seja do ponto de vista dos contatos políticos para que ela saísse do papel, seja do ponto de vista das pressões e manipulações feitas junto à imprensa. Muito ainda deverá ser revelado em capítulos nos próximos dias.
Em diversos momentos, personagens dantescos referem-se a personalidades do governo. Na percepção dos investigadores, algumas das referências – uma delas de codinome Margaret - seriam à ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.
Em uma conversa a 13 de março último, por exemplo, Greenhalgh diz a Humberto Braz (ex-presidente da Brasil Telecom Participações) que "tentou" conversar com "minha amiga". Entendeu o delegado Queiróz quem seria a "amiga": - ...possivelmente a ministra Dilma. Registra o delegado que o ex-deputado relata o fracasso da tentativa de diálogo com a ministra, que teria recomendado um entendimento entre "eles", pois o governo já havia "se metido demais nesse assunto".
No dia 20 de março, Guilherme Sodré Martins, assessor de Dantas em áreas várias, comenta com Carlos Rodenburg que na "segunda-feira" estará em Brasilia para uma reunião "com Dilma". Aponta a PF, no dia 24 não há registro de tal compromisso na Casa Civil. No mesmo dia, contudo, Guilherme comenta com um certo Bernardo que a audiência seria às 14h30 para tratar do assunto "leite longa vida".
Findo o suposto encontro, às 15 horas, 53 minutos e 45 segundos, Guilherme conversa com Bernardo e diz que "eles" falaram a respeito da reunião com Dilma e que ela teria feito de conta que não o conhecia, e ele ficou quieto. Em tempo: Dilma e Guilherme Sodré se conhecem ao menos de vista, pois foi Guilherme, o Guiga, quem providenciou a lancha para um passeio, revelado pela Operação Navalha, na Baía de Todos os Santos. Ainda em relação a esta conversa, Guilherme comenta que o pessoal "da indústria do leite" saiu impressionado com a esperteza dela, principalmente em descobrir "onde está a sacanagem".
Três dias depois, em 27 de março, às 20 horas, 36 minutos e 12 segundos Dantas liga para Guilherme e diz que acabou, "fecharam o acordo". Luiz Eduardo Greenhalgh, ex-deputado federal do PT, foi quase presidente da Câmara dos Deputados (perdeu para Severino Cavalcanti). Ele é renomado advogado e influente integrante da cúpula do partido.
Greenhalgh, segundo apurações da PF, manteve contatos intensos e freqüentes com Humberto Braz em defesa dos interesses de Dantas. Humberto Braz, recorde-se, foi presidente da Brasil Telecom Participações durante a gestão Dantas, quando cuidava dos interesses do Opportunity junto à imprensa, Marcos Valério e mais uma série de episódios, todos devidamente apurados pelas auditorias feitas pela BrT. Depois que fundos e Citibank demitiram Dantas do controle da BrT, Humberto Braz continuou prestando serviços ao Opportunity.
Braz e Greenhalgh negociavam a BrOi. Faziam lobby junto ao governo, apontam as investigações. A prisão preventiva de Greenhalgh foi pedida pela polícia, mas não foi concedida. No âmbito das negociações para a fusão entre Brasil Telecom e Oi, Daniel Dantas conseguiu vender suas participações por mais de US$ 1 bilhão, segundo cálculos da revista TELETIME, acertou um acordo judicial com os fundos de pensão em que levou R$ 145 milhões, pagos pela Oi, se livrou de um processo de pelo menos US$ 300 milhões movido pelo Citibank em Nova Iorque.
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