A Aracruz Celulose decidiu pôr o pé no acelerador em seus projetos de crescimento como forma de aproveitar a grande demanda da China pela matéria-prima para a produção de papel. A fabricante de celulose poderá antecipar o início da operação da Veracel 2 para o fim de 2011, seis meses antes do previsto. "Estamos trabalhando com a essa intenção", disse o diretor financeiro da Aracruz Celulose, Isac Zagury. "Mas dependerá do licenciamento e dos estudos de impacto ambiental." A reportagem é de André Vieira e publicada no Valor, 08-07-2008.
A Veracel, joint venture com a sueco-finlandesa Stora Enso que já opera uma fábrica no Sul da Bahia, deve ter sua capacidade de produção mais do que duplicada. Hoje, ela produz quase 1,1 milhão e a nova linha adicionará mais 1,4 milhão de toneladas. Para a Aracruz, a expansão da Veracel faz parte do projeto crescer a capacidade de produção dos atuais 3,2 milhões de toneladas anuais para 7 milhões de toneladas em 2015.
Em julho, a empresa deu início às obras da nova linha de celulose de Guaíba (RS) e decidirá até setembro o local de um novo projeto, que receberá grandes linhas de produção. O Estado de Minas Gerais é apontado como o candidato mais provável para receber o investimento. A decisão depende do pacote de incentivos a ser oferecido pelo Estado.
As novas fábricas da Aracruz buscam atender a demanda da Ásia, especialmente a China. Hoje, a região representa 23% das vendas da fabricante brasileira, e a China, 14% das exportações. Desta forma, a região aumentará sua posição no total de exportações da empresa, reequilibrando sua fatia relativa em relação aos Estados Unidos e Europa. "A diversificação geográfica é boa, criando maior equilíbrio", disse Zagury.
A Aracruz inaugurou ontem a temporada de divulgação dos resultados financeiros do segundo trimestre de 2008. Ela teve lucro líquido de R$ 262,1 milhões, o que representou queda de 18% sobre igual período de 2007. Na comparação com o primeiro trimestre, o ganho avançou 56%.
O desempenho foi impactado por um defeito de um turbogerador da Veracel, que obrigou a fabricante a comprar energia no mercado enquanto o equipamento era reparado. Os preços dos produtos químicos, clorados, soda cáustica, ácido sulfúrico, também subiram. E o câmbio, cujo real sofreu nova valorização frente ao dólar no período, voltou a prejudicar a receita de exportação, cujo volume caiu 7%, chegando a 773 mil toneladas no trimestre.
A receita líquida da companhia ficou em R$ 890,5 milhões, queda de 9%. A geração de caixa, medida pelo Ebitda, na sigla em inglês, recuou 18%, para R$ 354,4 milhões. A margem sobre o Ebitda recuou quatro pontos percentuais, para 40%. Por outro lado, as operações financeiras, como swap de dívida e proteção do fluxo de caixa tiveram impacto positivo, gerando receitas financeiras de R$ 227 milhões. No segundo trimestre, a celulose teve dois aumentos no mercado internacional. Segundo Zagury, a demanda pela matéria-prima continua forte. "Nos últimos 12 meses, cresceu 22%", disse.
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