Da Carta Capital
Um documento de 91 páginas repousa, desde o dia 9 de fevereiro, numa gaveta do gabinete do deputado Nelson Pellegrino (PT-BA), relator da Comissão Parlamentar das Escutas Telefônicas Clandestinas, a chamada CPI dos Grampos. Trata-se de um texto escrito pelo delegado Paulo Lacerda, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), atual adido policial do Brasil em Lisboa. No texto, Lacerda faz um esclarecimento geral sobre as dúvidas recorrentes da CPI, mas, sobretudo, procura desmontar a tese da ilegalidade da participação de agentes na Abin na Operação Satiagraha, da Polícia Federal, comandada pelo delegado Protógenes Queiroz. Pellegrino jamais deu publicidade ao papel nem levou em consideração o conteúdo do documento. Ao contrário.
Com o beneplácito do parlamentar baiano, Lacerda e Queiroz vão ser obrigados, novamente, a depor na CPI dos Grampos, ressuscitada aos 45 minutos do segundo tempo em mais uma movimentação para lá de nebulosa com a participação dos atores veteranos nesta operação: a revista Veja, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, e o deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), presidente da comissão. Prestes a votar o relatório final, de autoria de Pellegrino, os parlamentares acertaram prorrogar os trabalhos por mais 60 dias após uma reportagem da revista da Abril que tinha por objetivo demonstrar ilegalidades cometidas por Queiroz durante a investigação do banqueiro Daniel Dantas.
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