“As reservas internacionais do Brasil já ultrapassam US$ 160 bilhões. Este valor é excessivo para as necessidades e a realidade do país. É hora de o Banco Central parar de comprar.” A opinião é de Cláudio Haddad, diretor-presidente do Ibmec São Paulo e presidente do Conselho da Veris Educacional S.A., em artigo publicado no jornal Valor, 20-09-2007. Segundo ele, “ao final de 2003 a dívida pública externa era de US$ 120 bilhões, contra um montante de reservas internacionais de US$ 49 bilhões. Hoje a situação se inverteu. A dívida pública externa está em torno de US$ 70 bilhões, menos da metade do volume de reservas, que também já ultrapassa em 42% as importações previstas para este ano. A continuar as intervenções do Banco Central no mercado de câmbio, em meados do ano que vem as reservas superarão o total da dívida externa do país".
Para Haddad, "sob um ponto de vista de manutenção de um prudente nível de liquidez, há muito que as reservas ultrapassaram o ponto ótimo. Isto, que já seria verdade caso o Brasil estivesse em um regime de câmbio fixo, é ainda mais flagrante no regime atual de câmbio flutuante, no qual variações da taxa, assim como ocorrido ao final de 2002, contribuiriam, em uma crise, para o equilíbrio dos fluxos de divisas, reduzindo a necessidade de manutenção de um alto nível de reservas. As autoridades econômicas sabem disto e a razão para a intervenção continuada é outra, a de tentar controlar a taxa de câmbio, o que coloca o país de fato em um regime de câmbio administrado."
E pergunta:
Quão efetiva está sendo a política e qual o seu custo?"
Segundo ele, "as intervenções maciças e previsíveis do BC aumentam a atratividade da operação e o influxo de capitais, forçando-o a continuar adquirindo divisas, em um círculo vicioso. Como em Alice no País das Maravilhas, tem-se de correr em dobro para sair do lugar".
E continua:
“Ora, se para os especuladores a arbitragem real-dólar seria, de acordo com alguns analistas, o melhor negócio do planeta, a contrapartida é que para o BC, que está na ponta contrária, ela seria o pior. Pelas condições vigentes para o swap cambial e para uma taxa de câmbio inalterada ao final de um ano, reservas excedentes de US$ 40 bilhões gerariam um custo anual de US$ 2,6 bilhões, cifra nada desprezível. Ganho esperado pode virar prejuízo, como os que tiveram de desmontar os swaps em agosto verificaram e ninguém tem bola de cristal para adivinhar o futuro. Mas o ponto é, faz sentido o governo brasileiro se endividar para especular em moedas, pagando um alto prêmio e contando com uma desvalorização do real para cobrir o custo com o diferencial de juros?”
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