"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

quarta-feira, julho 30, 2008

DOHA, O PiG, A MIRIAM, RICUPERO E BARBOSA

Conversa Afiada - 30/07/08

Como previsto, NENHUM grande jornal do mundo deu ao fracasso de Doha o destaque que o PiG deu. Como já demonstramos, o problema do PiG não é Doha, mas associar a palavra “fracasso” ao Brasil, ao Governo Lula, e ao Chanceler Celso Amorim. As manchetes da Folha (da Tarde*) e do Estadão são a melancólica comprovação do provincianismo do PiG paulistano. Quando eles acham que vão fazer como a Metrópole, a Metrópole não faz o que eles fazem ...

Em tempo 1: Jogue o PiG fora, de novo. A revista Economist – uma revistinha de quinta, que se edita na Inglaterra – lamentou o fracasso de Doha, mas não acredita (como o PiG) que o mundo vá se acabar. Leia o que diz a Economist, num post de hoje, sobre os efeitos – reduzidos – do fracasso:

The general trend in recent years has been towards more open trade. Big developing countries such as Brazil, India and China have cut tariffs and become more welcoming to foreign investors, even without a Doha agreement. The rate of growth of commerce has outstripped that of global GDP.

(A tendencia, nos ultimos anos, tem sido a abertura comercial. Grandes países em desenvolvimento, como o Brasil, a India e a China, cortaram tarifas e se tornaram mais receptivos ao investidor estrangeiro, mesmo sem o acordo de Doha. O ritmo do crescimento do comercio (internacional) ultrapassou o do crescimento da economia mundial.)

Em tempo 2: Se o Brasil fosse uma democracia e o Governo Lula não tivesse medo da Globo, o Chanceler Celso Amorim entrava na Justiça, hoje, com um mandado de segurança, para exigir reciprocidade da Globo e entrar, amanhã, no “Bom (?) Dia Brasil”, para refutar a Miriam Leitão. A Miriam Leitão aproveitou os 4 segundos de exibição que a Globo lhe ofereceu hoje de manhã para dizer que a diplomacia brasileira “fracassou”. Isso é um desrespeito à lei vigente, que impede que se emita opinião num canal de tevê aberto – de propriedade da Nação brasileira, portanto –, sem dar direito à resposta. Opinião é no cabo ou no jornal impresso. O que a Miriam e os colonistas da Globo fazem é ilegal. E mais do que isso, o espectador tem o direito de ouvir a outra parte: foi mesmo um fracasso ? Como a minha vida vai mudar com esse “fracasso” ? É que o Governo Lula tem mais medo da Miriam do que do Delegado Protógenes…

Em tempo 3: Que horror, o papel dos ex-embaixadores Rubens Ricúpero e Rubens Barbosa. O papel de, sistematicamente, no PiG, a torpedear a diplomacia brasileira. Embaixadores, um mínimo de pudor. Se quis o destino que, até agora, os senhores não tenham sido nomeados Ministros das Relações Exteriores, como desejam, não prestem um desserviço à carreira a que serviram. Os senhores já viram o Collin Powell falar mal da Condoleeza Rice ? O Warren Christopher falar mal da Condoleeza Rice, no meio de uma grave negociação internacional ? Embaixador Rubens Barbosa: quando o senhor serviu ao Presidente Lula na Embaixada em Washington – e lá pretendia ficar … – , o senhor achava tudo isso o que diz hoje da diplomacia brasileira ? E, se o senhor tivesse sido convidado a ficar – como ardentemente desejava –, o senhor seria capaz de dissentir em público, como fez o seu sucessor – por anda ele, mesmo ?, como é o nome dele, mesmo ? Por falar em ex-embaixadores: senhores Ricupero e Barbosa, quando a mão coçar e os senhores sentirem uma vontade incontrolável de ir ao PiG para falar mal da diplomacia brasileira, pensem um instante. Rumem à biblioteca e folheiem um livro singelo, que contém alguns ensinamentos sobre a sua profissão. Trata-se de “Lembranças de um empregado do Itamaraty” (clique aqui), de autoria de um empregado exemplar do Itamaraty, que os senhores, em muitos aspectos, deveriam emular, se, de fato, se preocupam com sua biografia de diplomatas: Ramiro Saraiva Guerreiro. Ou, se preferirem, fora da profissão, vejam a elegância com que Pedro Malan discute as políticas de seus sucessores no Ministério da Fazenda. O funcionalismo público pode ser uma carreira de homens elegantes.

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