Site do Azenha - Atualizado e Publicado em 01 de agosto de 2008 às 12:16
Começou mais cedo do que eu imaginava. A título de responder a um discurso de Barack Obama a campanha de John McCain injetou a questão racial na disputa pela Casa Branca.
Fez isso de maneira cínica e eficaz, como sempre fazem os republicanos, que operam uma verdadeira "máquina de moer carne" apelando aos instintos mais selvagens dos eleitores.
Na campanha de 1988 ficou famoso o caso de Willie Horton. Era um condenado que participava de um programa que dava liberdade aos presos em alguns fins de semana, programa que tinha o apoio do então governador de Massachussets, Mike Dukakis, que se tornou candidato democrata à Casa Branca. Os republicanos trouxeram Horton para a campanha eleitoral, sugerindo que Dukakis era mole contra o crime, muito liberal e, portanto, incapaz de ser presidente dos Estados Unidos.
Isso era o que dizia o texto. Mas as imagens foram usadas de forma a sugerir aos eleitores brancos: se Dukakis for eleito ele vai soltar todos os assassinos negros que estão na cadeia.
É óbvio que contra Obama os republicanos não poderão fazer o mesmo. Eles estavam apenas esperando uma oportunidade para trazer a questão racial de volta. Num discurso recente o democrata disse que a campanha republicana tentaria pintá-lo como uma aberração, alguém que "não se parece com os presidentes que figuram nas notas do dólar". Foi o suficiente para que assessores de McCain - e o próprio candidato - atacassem Obama por supostamente ter trazido a questão racial para a campanha.
Aos republicanos o assunto interessa por um motivo muito simples: os eleitores de classe média baixa são os mais suscetíveis à insegurança gerada pela crise econômica. E a tendência deles seria votar por mudança. É aí que entra a questão da identidade. O que a campanha de McCain quer fazer é dizer a esse eleitor: mudança, sim, mas com alguém que seja como você, com o qual você tenha identidade. Esse é um bloco suficientemente grande de eleitores para decidir a eleição.
É óbvio que os republicanos não vão abraçar o texto que foi visto no Texas - um dos lugares mais racistas dos Estados Unidos: "Se Obama for presidente... ainda chamaremos a Casa de Branca?". Dirão a mesma coisa de forma subliminar.
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