"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

quarta-feira, agosto 15, 2012

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Hoje pela manhã, ouvi na BandNews FM que 42% da renda do brasileiro está comprometida com dívidas.
Não querendo retirar as responsabilidades financeiras que cada um deve ter, mas o brasileiro vem vendo seu poder de compra ser reduzido com os sucessivos aumentos de preços (apesar dos índices divulgados oficialmente serem baixos) que somados ao longo do tempo, reduzem sua capacidade de consumo.
Recentemente na Forbes saiu uma reportagem ironizando o que pagamos pelos nossos veículos (coisa que já critiquei aqui), mas essa realidade pode ser estendida para diversos outros produtos de consumo. Um que, não só poderia, como deveria ter essa realidade era o cigarro, mas, existem outros interesses.
Bem, voltando ao que interessa. O fato é que pagamos caro por diversos produtos e esses tem tido sucessivos aumentos. O endividamento do brasileiro não é decorrente de sua irresponsabilidade financeira e sim dessa realidade. Pensar em culpar o padrão de consumo (já baixo) é querer "tapar o sol com a peneira", quando na realidade o valor irrisório do salário mínimo é o principal agente causador.
Como justificativa de proteção contra o calote, o setor financeiro cobra juros exorbitantes (que a justiça já declarou serem completamente legais e liberados), e a população fica mais uma vez a ter que fazer malabarismos para pagar suas contas.
O que nos remete a outra realidade atual do país, as greves. Vemos e ouvimos sobre greves nos mais variados setores, além de paralisações de alguns setores privados que reinvidicam melhorias nas suas condições de trabalho. Será que o governo não enxerga que há algo errado?
Apenas como adendo. Nos ultimos dias venho ouvindo o Boechat falar na paralisia do Governo ao não empregar, ou não antecipar os movimentos de alguns setores que imobilizam ou reduzem a mobilidade nas grandes vias de nossas metrópoles.
A antecipação meu caro Boechat até deve acontecer, mas o emprego real das informações não competem aos orgãos de informação, e sim ao poder executivo que controla esses orgãos. Daí o emprego (como assim descreve Althusser) dos aparelhos repressores do Estado para impedir tais atos ser única e exclusivamente de competência do Executivo. O que não vai ocorrer em plena campanha eleitoral, ou se pensa que isso não ocorre porque o Governo é bonzinho e preocupado com o trabalhador?
Se a preocupação primária do governo Dilma é com quem não tem renda e não com aumento de quem tem, ótimo, acho que há necessidade real de se priorizar os que não estão nem em condições de consumo (que em uma sociedade de consumo como a nossa são párias). Mas, não vejo mobilização do governo (como em outros assuntos) em aprovar por exemplo um imposto diferenciado sobre as grandes fortunas (o IGF, previsto na Constituição de 1988 e até hoje não levado adiante por nenhum governo, de direita ou de esquerda), mas o trabalhador permanece massacrado pelos mesmos índices de impostos indiretos que a elite mais rica também paga, só que com uma "pequena" diferença nos padrões de consumo.
O nosso comprometimento com as gerações futuras (no caso direto, nossos filhos) em relação ao consumo é simplesmente ridícula. Estamos em um país que nos vai triturar ao final da vida com seu sistema previdenciário irresponsável. O que se defende hoje em dia como meta previdenciária é um absurdo. A queda da condição de vida ao se aposentar devido aos valores limites do salário do aposentado, no momento em que esse tem aumento com gastos com medicações é pura maldade. Além de que após passar no mínimo 30 anos trabalhando o aposentado é proibido de aproveitar sua vida com viagens e passeios porquê o salário irresponsável pago não abrange essa possibilidade. Realmente ridícula a nossa situação. E o que fazemos? Continuamos votando na continuidade (cuidado com as possibilidades, trocar Dilma por Serra nem pensar). 
Devemos portanto repensar as práticas que levam aos nossos governantes a continuarem nos tratando como massa de manobra fornecedora de votos, pois a mudança decorre muito dos interesses e mobilização social. A esquerda e a direita no país atualmente se confundem em suas alianças. Faz-se necessário buscar alternativas, talvez corporativas (fora dos grupos políticos) que lutem por melhorias das condições de vida de seus representados.

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